O
recente anúncio de que cientistas comprovaram a autenticidade de um antigo
papiro que traz a informação de que Jesus teria sido casado reacendeu a
polêmica sobre o assunto. Três equipes de cientistas de Harvard, de Columbia e
do MIT (Massachussetts Institute of Tecnology) concluíram que o chamado
Evangelho da Esposa de Jesus, escrito na língua copta e descoberto em 2012,
remonta mais provavelmente ao período entre os séculos 6 e 9 d.C. De acordo com
o artigo publicado na Harvard Theological Review, “a composição química do
papiro e os padrões de oxidação são consistentes com outros papiros antigos, ao
comparar o fragmento do Evangelho da Esposa de Jesus [que tem 4 por 8
centímetros] com o Evangelho de João”.
O
fato é que, apesar do “peso” das três instituições por trás da pesquisa, as
conclusões ainda levantam dúvida. O egiptólogo Leo Depuydt, da Brown
University, por exemplo, afirma que erros gramaticais do copta e o uso seletivo
de negrito nas palavras “minha esposa” são indícios de que se trata de uma
falsificação.
Falsificação
ou não, nunca é demais relembrar que todos os textos que insinuam algum tipo de
relação mais íntima entre Maria Madalena e Jesus são bem mais recentes que os
evangelhos oficiais, tendo sido escritos por pessoas que queriam justamente
desafiar as visões mais ortodoxas do cristianismo, como é o caso dos gnósticos,
a maioria dos quais vivia na cidade de Alexandria, no Egito. Eles acreditavam
numa espécie de revelação secreta e esotérica que lhes daria o “verdadeiro”
conhecimento para a salvação. Maria Madalena passou a ser usada pelos gnósticos
como um símbolo do “conhecimento verdadeiro” que eles teriam de Jesus, e como a
verdadeira predileta de Cristo, da qual eles seriam seguidores (convenhamos, dá
um ótimo enredo para filmes hollywoodianos, como O Código Da Vinci). O aspecto
polêmico e tardio desses textos torna muito pouco provável que eles sejam
fundamentados em alguma memória histórica envolvendo a Maria Madalena real.
Os
gnósticos chegaram a negar a morte de Jesus na cruz, afirmando que quem teria
morrido, na verdade, havia sido o homem Jesus, pois o espírito do Cristo teria
voltado para o Pai. “Foi nessa ‘onda’ que surgiu também a necessidade de se
criar uma esposa para Jesus de Nazaré, a fim de fazer jus às ideias de que
espíritos evoluídos estavam sempre em pares (casais) e nunca sozinhos. O Cristo
ou o Logos, que seria o espírito que teria dominado a mente do homem Jesus,
também teria uma consorte, uma deusa chamada Sofia!”, explica o arqueólogo
Rodrigo Silva.
Mas
se Jesus tivesse tido uma esposa, isso não seria exatamente um problema. Em 1
Coríntios 7:9; 9:5 e em 1 Timóteo 3:2, Paulo defende o direito apostólico de
ser casado e menciona os líderes da Igreja (Pedro, os apóstolos e os irmãos do
Senhor) como casados. Se Jesus fosse casado, a igreja não teria motivos para
esconder isso. Portanto, o completo silêncio da igreja primitiva sobre esse
assunto nos leva a crer não que estavam escondendo uma verdade sobre o estado
civil de Jesus, mas que Ele não era de fato casado. “Nessa região e naquela
época se discutia muito se era apropriado ao cristão se casar. Por essas
evidências, supõe-se que o Evangelho da Esposa de Jesus seja um documento
surgido em um ambiente de gnosticismo”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro.
É
como li no Twitter certa vez (pena que não anotei a autoria): “Contra fatos
(mais de cinco mil manuscritos bíblicos) não há fragmentos”.
Por Michelson Borges é jornalista, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi professor de História em Florianópolis e editor do jornal da Rádio Novo Tempo daquela capital, onde também apresentava um programa de divulgação científica. É editor de livros na Casa Publicadora Brasileira e autor de vários livros. Mestre em Teologia pelo Unasp, é membro da Sociedade Criacionista Brasileira, tem participado de seminários criacionistas em vários lugares e mantém o blog www.criacionismo.com.br. Casado com Débora Tatiane (co-autora do e-book Deus Nos Uniu e do livro O Que Ele Viu na Grécia), tem com ela três filhos, duas meninas e um menino. Twitter: @criacionismo Blog: www.criacionismo.com.br
Para
saber mais sobre a natureza de Cristo, veja esse vídeo:
Fonte: Portal Adventista
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