Guilherme Belz nasceu na Pomerânia, Alemanha, em 1835. Veio para o Brasil e se estabeleceu na região de Braunchweig (hoje Gaspar Alto), a cerca de 18 quilômetros de Brusque. Certa ocasião, ao voltar das compras na Vila de Brusque, notou algo de especial em uma das mercadorias. O papel de embrulho trazia um texto escrito em alemão. A leitura do impresso deixou Belz pensativo por várias semanas, até que, ao visitar o irmão Carl, descobriu que ele havia comprado um livro de Frederich Dressler – livro que “coincidentemente” tratava, dentre outras coisas, do mesmo assunto do folheto.
O Comentário Sobre o Livro de Daniel, de Uriah Smith, também estava escrito em alemão. Ao tentar pegá-lo da estante, Guilherme derrubou-o no chão. O livro se abriu justamente no capítulo intitulado: “O Papado Muda o Dia de Repouso”. Esse título fez Belz recordar sua juventude na Alemanha.
Nascido em uma família luterana, Guilherme tinha por hábito ler a Bíblia, mas algo o intrigava: “Se apenas o sábado é mencionado nas Escrituras, por que guardamos o domingo?” Sua mãe Luise e o pastor de sua igreja desconversavam e, por isso, a resposta teve que aguardar muitos anos.
Como estava com pressa, Guilherme despediu-se de Carl levando emprestado o livro – segurando-o como se houvesse descoberto um verdadeiro tesouro. Chegando em casa, ele investigou o assunto do sábado mais a fundo, comparando o conteúdo do livro com a sua Bíblia. Finalmente, Belz convenceu-se da santidade do sábado e de que a observância do domingo era, na verdade, apenas uma “tradição humana”. Guilherme tinha então 54 anos e tornava-se, assim, o primeiro a reconhecer, no Brasil, o sábado como dia do Senhor.
No sábado seguinte, sentado à mesa pela manhã, Guilherme não conseguia tomar o desjejum. Sua esposa Johanna, percebendo que ele parecia pálido e preocupado, perguntou-lhe:
– Querido, você não está comendo... Está doente?
– Estive estudando a Bíblia esta semana – respondeu Belz, levantando-se da mesa. – E sabe o que descobri? O sétimo dia, o sábado, é um dia especial, separado por Deus para adoração. Combinei de ir trabalhar com meus filhos no campo, mas sinto que não devo mais transgredir o dia do Senhor dessa maneira.
Tendo dito isso, Guilherme convidou a esposa e os filhos mais novos Guilherme, Elfride e Augusta para guardarem o primeiro sábado da vida deles. A família Belz começou a observar o sétimo dia em 1890. Entretanto, os três filhos mais velhos e já casados (Emília, Reinhold e Francisco) não aceitaram a “novidade” tão facilmente (Emília, a mais velha, jamais aceitou a mensagem adventista; mas seu filho mais velho, Leopold, posteriormente acabou se convertendo).
Guilherme e Johanna Belz: primeiros guardadores do sábado adventistas no Brasil
** OS DOIS MILAGRES
Francisco Belz já estava casado e morava não muito longe da casa dos pais. Fora convencido pelo pai da importância do sétimo dia, mas diante dos apelos para ser fiel, respondera:
– Minha esposa e eu somos muito jovens e temos muitos amigos e obrigações. Acreditamos não ser possível para nós observarmos o sábado.
Algum tempo depois, a jovem esposa Gerthrud ficou muito doente. Uma noite ela teve a impressão de que não viveria para ver o sol nascer. Deixando-a sob os cuidados dos sogros e dos vizinhos que estavam ali, Francisco retirou-se para o jardim, por onde fluía um pequeno rio. Ajoelhando-se à beira do riacho, ele abriu o coração a Deus:
– Senhor, eu e minha esposa estávamos planejando uma vida longa e próspera. Esperávamos passar muitos dias felizes neste mundo, e então recusamos obedecer aos Teus mandamentos. Mas subitamente a doença penetrou em nosso lar e a morte jaz à porta. Quão tolos fomos em depositar nossa confiança nesta vida![1]
Francisco confessou seus pecados e pediu perdão a Deus, prometendo servi-Lo daquele dia em diante, sendo fiel às Escrituras. Naquele momento, grande paz encheu-lhe o coração. Ele pôde sentir o amor do Salvador e teve a convicção de que sua esposa seria curada, se eles simplesmente se entregassem a Deus. Levantou-se, entrou na casa, foi até o leito de Gerthrud e disse:
– Querida, você não vai morrer, mas viver. Eu entreguei minha vida a Deus e prometi ser-Lhe fiel. Quero que você guarde o sábado comigo.
Gerthrud aceitou o convite do esposo e imediatamente foi curada, levantando-se da cama, sob os olhares admirados dos que ali estavam. Esse jovem casal permaneceu leal à promessa que fizeram. Anos depois, Francisco iniciaria seu trabalho como pastor missionário.
Francisco Belz e família. A doença e a cura de Gerthrud fizeram-nos abraçar a mensagem (em pé, à esquerda, Rodolpho Belz)
Não muito longe da casa de Francisco vivia outra família: os Olm. Assim como Guilherme Belz, Augusto Olm viera da Pomerânia para o Brasil em 1875, estabelecendo-se, também, em Gaspar Alto. A esposa de Augusto, Johanna, estava doente havia cinco anos, tendo que ser carregada de um cômodo a outro da casa. Quando ela ouviu falar do que ocorrera com Gerthrud, um lampejo de esperança iluminou-lhe os olhos. Pediu uma Bíblia e passou a estudá-la, tentando compreender as “novas idéias” defendidas pelos Belz. Finalmente se convenceu da verdade e a aceitou de todo o coração, decidida a se preparar para a segunda vinda de Cristo. Para sua grande surpresa, além da paz que passou a sentir, a doença desapareceu completamente. Ela se levantou da cama e reassumiu as atividades domésticas.
Quando Augusto chegou do trabalho na roça, esperando ter que preparar o jantar como sempre fazia, encontrou a mesa pronta e sua esposa andando alegre pela casa. Por um momento temeu que o longo tempo de prostração lhe houvesse afetado a mente, e perguntou o que tinha acontecido. Johanna contou tudo ao marido e disse que queria que ambos fossem fiéis a Deus, inclusive na observância dos dez mandamentos. Mais tarde Augusto aceitou a mensagem, tornando-se o primeiro ancião da igreja de Gaspar Alto e do Brasil.
Augusto e Johanna Olm
O pastor Frank H. Westphal conta que “foi dessa maneira que este grupo de crentes abraçou a verdade, sem ter visto um ministro adventista do sétimo dia, sendo guiados à luz pelo próprio Senhor”.[2]
Em 1924, a família Olm mudou-se para Taquara, RS. Augusto morreu de enfarto, em 15 de setembro de 1929, com 83 anos. Johanna faleceu sete anos depois, com 86 anos.
** A SEITA DE STANGNOWSKY
Houve outro guardador do sábado, chamado Augusto Anniess, também imigrante alemão, vindo para o Brasil com vinte anos, que já observava o sétimo dia (à sua maneira) antes mesmo de Guilherme haver tomado sua decisão. Anniess nasceu em 9 de dezembro de 1854, tendo sido batizado com 15 anos de idade na Igreja Batista. Dois anos depois, ainda na Europa, descobriu a verdade sobre o sábado e tornou-se adepto de uma seita liderada por Stangnowsky (natural da Prússia), também ex-batista. Embora tivesse tido contato com o pastor John Andrews, em 1875, o movimento de Stangnowsky pregava a volta de Cristo para o ano de 1896, ocasião em que, segundo eles, o Paraíso seria estabelecido no Pólo Norte.
Augusto Anniess fixou residência em Joinville, SC, e se uniu ao ramo dos seguidores de Stangnowsky, liderados por Kinder, que fora enviado como missionário para o Brasil, em 1878. Annies tornou-se, então, editor das publicações do movimento.
Em maio de 1895, o pastor Frank Westphal visitou Joinville e encontrou um grupo de mais de 70 membros do movimento de Stangnowsky (já falecido na época).[3] Sobre esse contato, o pastor Westphal relatou o seguinte: “Cerca da metade dos membros de sua igreja havia se recusado a seguir essas idéias estranhas, e imediatamente se uniu a nós ao ser-lhes apresentada a verdade. Os demais, entretanto, sob a liderança de um fervoroso cristão de nome Anis [Anniess], permaneceram fiéis aos ensinamentos de Stangnowsky, crendo que ele ressuscitará de maneira especial para cumprir suas promessas.”[4]
O pastor Westphal buscou abrir os olhos de Anniess, mantendo com ele, certa vez, o seguinte diálogo:
– Você espera estar no Pólo Norte em 1896?
– Sim – disse Anniess.
– Você me escreverá então uma carta antes do fim do ano de 1896? – tornou a perguntar o Pastor Westphal. Ao que Anniess respondeu:
– Sim.
– Obrigado – agradeceu Westphal. – Espero que sua carta tenha selo e carimbo do correio de Joinville e não do Pólo Norte.
De fato, antes do fim de 1896 o Pastor Westphal recebeu uma carta de Anniess, com selo de Joinville, contando que havia abraçado a fé adventista do sétimo dia, juntamente com os demais que haviam permanecido fiéis a Stangnowsky.
A respeito dos seguidores desse movimento europeu, Friedrich Stuhllman, escrevendo na Missionary Magazine, em julho de 1899, diz que muitos anos depois esses observadores do sábado foram alcançados pela mensagem adventista, da qual Kinder, embora de idade bastante avançada e com a vista muito fraca, tornou-se ardoroso adepto.
Augusto Anniess casou-se com Ida Panzer e teve sete filhos. Mudaram-se de Joinville para Curitiba, em 1906, onde Anniess assumiu a função de tesoureiro da recém-criada Associação Santa Catarina-Paraná.
Bodas de Ouro de Augusto e Ida Anniess
** ESPALHANDO AS BOAS-NOVAS
Guilherme Belz (o primeiro guardador do sábado no contexto das três mensagens angélicas) não demorou a espalhar as novas em sua região. Pouco tempo depois, já se reunia com dois amigos: Augusto Olm e Frederico Schirmer. Os três ficavam horas e horas, madrugada adentro, estudando a Bíblia à luz de lampiões. A cada sábado reuniam-se para estudar e orar, um na casa do outro.
Pouco depois, na Vila de Brusque, as famílias Look e Thrun também começaram a se reunir aos sábados para realizar seus cultos. Entretanto, a perseguição dos luteranos e de descrentes os forçaria a mudar-se para Gaspar Alto, em busca de paz. Em certa ocasião, enquanto realizavam o culto do pôr-do-sol, algumas pessoas começaram a jogar pedras e ovos podres na casa. Nas ruas, os adventistas eram vistos como “pessoas estranhas”, membros de uma “nova seita misteriosa”.
Um fato ocorrido com Reinhold Belz, filho mais velho de Guilherme Belz, ilustra o quão difícil era permanecer ao lado da verdade e da justiça. Numa manhã de domingo, 8 de maio de 1927, Reinhold se dirigia para a mata, com seus filhos Reinhold (de 22 anos) e Evaldo (de 13), a fim de cortar árvores para levar para a serraria de Fritz Peggau. Fritz era cunhado de Reinhold e alugava sua serraria por uma porcentagem das toras cortadas. As tábuas eram vendidas em Brusque, e esse negócio constituía um complemento às atividades da roça e da criação de gado.
Às 8 horas da manhã, Reinhold e Reinhold Filho conduziam o carro de boi, quando em certa curva da picada, no meio da mata, três jovens os abordaram. Evaldo, atrás do carro, só conseguiu ouvir as vozes exaltadas, mas não compreendeu o teor da conversa. De repente, ouviu um tiro e viu os três estranhos fugindo. Correu para o local do incidente e viu pai e irmão caídos numa vala. O pai estava morto.
Com a ajuda de Evaldo, Reinhold Filho saiu do buraco e ambos correram para casa, pedindo ajuda. O corpo de Reinhold ficou lá até a tarde, à espera do delegado.
Além de ancião, Reinhold era inspetor de quarteirão (função que, na época, equivalia à de sub-delegado). Como era cristão, responsável pela ordem local e parente de Fritz Peggau, Reinhold se viu na obrigação de advertir o cunhado de que vira as três filhas dele saindo às escondidas e em atitudes indecorosas com uns jovens recentemente chegados da Alemanhã. Fritz (que na época havia abandonado a fé adventista) castigou as filhas, e elas contaram tudo aos namorados. Estava aí o motivo para a eliminação do “incômodo delator”.
O filho mais velho de Reinhold, Edmond, de 31 anos, ficara revoltado e queria se vingar dos assassinos. Mas Reinhold Filho, que assistira ao assassinato do pai, disse: “Deus existe e Ele vai fazer justiça. Não precisamos fazê-la por nossas próprias mãos.” Ironicamente, pouco tempo depois, já libertos da prisão, os três assassinos acabaram morrendo (um deles picado por cobra).
Da esquerda para a direita: Emílio Doehnert, nascido em 1897, foi diretor da Casa Publicadora Brasileira entre os anos de 1938 e 1949, no período da 2ª Guerra Mundial. Evaldo Belz, nascido em 1914, foi chefe de produção da empresa adventista de alimentos naturais Superbom, onde começou a trabalhar em 1932, aposentando-se em 1974. Edegardo Max Wuttke, bisneto do pioneiro e pesquisador da origem do adventismo no Brasil. E Michelson Borges, autor deste livro. Foto tirada por ocasião das comemorações do Centenário da Casa Publicadora Brasileira, em 12 de março de 2000.
** OS PRIMEIROS COLPORTORES
É interessante notar como a mão de Deus conduzia os rumos da história brasileira, a fim de facilitar a pregação do evangelho. A invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, que pretendia dominar a Europa; a vinda da Família Real para o Brasil, escoltada por navios da Armada Britânica; a abertura dos portos brasileiros às nações amigas (particularmente aos navios comerciais ingleses); a permissão pela primeira vez dada na história do Brasil para o desembarque de ministros de outras confissões religiosas; a proclamação da Independência; o relacionamento familiar dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II com as casas reais de outros países europeus de raízes germânicas; o início do fluxo imigratório trazendo, desses países, imigrantes luteranos e de outras denominações protestantes; e, finalmente, a crise generalizada que se abateu sobre a Europa, estimulando mais ainda a imigração em direção ao Brasil. Tudo isso colaborou, de uma forma ou de outra, para a chegada da mensagem adventista.
Em maio de 1893, por designação da Associação Geral, o colportor (vendedor de literatura religiosa) Albert B. Stauffer chegou ao Brasil. Segundo E. H. Meyers,[5] Stauffer entrou pela região Sul do país, depois de ter trabalhado por dois anos no Uruguai e na Argentina, país onde foi iniciada a obra adventista na América do Sul.
Em 1885, depois de ler avidamente alguns exemplares da revista Les Signes des Temps (Sinais dos Tempos), Júlio Depertuis, que pertencia a uma colônia de batistas franco-suíços radicados em Santa Fé, Argentina, tornou-se o primeiro sul-americano a reconhecer o sábado como dia do Senhor.[6]
Posteriormente, Pedro Peverini, um senhor italiano que morava no norte da Argentina, em Las Garzas, leu em um jornal notícia sobre um batismo adventista, por imersão, realizado em Neuchatel, Suíça. A despeito de a matéria ridicularizar a cerimônia, o assunto despertou o interesse da família Peverine. Escreveram a uns parentes que residiam na Itália e pediram que estabelecessem contato com os adventistas da Suíça, a fim de que enviassem o periódico que publicavam em francês, conforme informava o jornal.
Os Peverini receberam a revista durante três anos, decidindo-se abraçar a verdade por volta do ano 1889. No ano de 1891, Elwin Winthrop Snyder e um grupo de colportores foram enviados para trabalhar na Argentina e, depois, no Uruguai e Brasil.[7] Junto com Snyder, vieram também Clair A. Nowlen e Albert B. Stauffer que, como já vimos, dois anos depois seria o primeiro colportor adventista a trabalhar no Brasil.
“O reavivamento religioso experimentado em países da Europa e América do Norte com a pregação adventista, no início do século 19, chegava também ao Brasil, embora com cerca de 50 anos de atraso. A Igreja Adventista do Sétimo Dia despontava assim como sucessora direta do movimento protestante, atingindo todos os continentes.”[8]
Elwin W. Snyder veio ao Brasil logo depois de Stauffer. No Rio de Janeiro, conheceu Albert Bachmeyer, jovem marinheiro alemão, que poucos meses antes havia aceitado a fé evangélica quando esteve em Liverpool. Os dois tornaram-se amigos e Bachmeyer acabou se convertendo à fé adventista. Snyder o treinou para a obra de colportagem e, mesmo ainda não batizado, o jovem alemão empenhou-se em sua nova missão. A seu respeito escreveu Guilherme Stein Jr.: “O irmão Bachmeyer era um colportor bem preparado. De agradável presença e um certo grau de cultura... Só podemos elogiá-lo pelo que diz respeito à sua conduta e tratamento.”[9]
Bachmeyer vendeu a literatura adventista em Indaiatuba, Rio Claro, Piracicaba e outras localidades. Assim, os primeiros interessados na mensagem adventista, em São Paulo, foram surgindo. Em Indaiatuba, a família de Guilherme Stein; em Rio Claro, Guilherme e Paulina Meyer, e o filho João Meyer; em Piracicaba, o professor Guilherme Stein Jr. e a esposa Maria Krähenbühl Stein. Stein Jr. era metodista e se converteu ao adventismo após a leitura de Der Grosse Kampf (O Grande Conflito), de Ellen G. White.
Mais ou menos por essa época, Albert B. Stauffer passou pelas colônias alemãs do Espírito santo. Anos antes, atraídos pela cultura cafeeira no Brasil, e pela propaganda promovida pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Aureliano de Souza Coutinho, milhares de alemães da região da Pomerânia acabaram povoando as colônias de Santa Isabel e Santa Leopoldina.
Stauffer vendeu vários livros O Grande Conflito nas proximidades do Córrego de Santa Maria. “Como resultado da leitura deste livro, e de alguns outros, a colônia ficou em polvorosa. Houve discussão, brigas e perseguição. Alguns passaram a guardar o sábado, sendo por isso chamados de sabatistas amaldiçoados (verfluchte sabatisten).”[10]
Os adventistas que, em São Paulo e no Espírito Santo, observavam o sábado e criam na volta de Jesus estavam totalmente alheios à existência dos irmãos de Santa Catarina que havia alguns anos professavam a mesma fé.
Em agosto de 1894, chegou ao Brasil outro missionário adventista:Willian Henry Thurston. Thurston, acompanhado da esposa Florence, veio dos Estados Unidos com a missão de estabelecer um entreposto de livros denominacionais no Rio de Janeiro, para atender aos colportores no Brasil. Thurston trouxe duas grandes caixas de livros e revistas impressos em inglês, alemão e pouca coisa em espanhol. Na época, não havia nada publicado em português.[11]
Para chegar ao seu destino, muitos impressos eram despachados nos navios oceânicos, outros nos barcos fluviais a vapor (ou mesmo a remo), outros ainda em carros de boi, em lombo de burro e, às vezes, em algum trecho, nas costas do colportor.
** UMA BELA EXPERIÊNCIA
No livro Memórias de Tio Luiz, o autor Luiz Waldvogel conta um episódio das experiências pelas quais Thurston passou no Rio de Janeiro:
“Enquanto em Washington, visitei várias vezes a Review and Herald [editora adventista], procurando obter o máximo possível de exemplos e incentivos para o meu trabalho na Casa Publicadora, tanto mais quanto o ambiente era convidativo, os irmãos todos muito gentis e atenciosos. Com os diretores, redatores desenhistas, etc., colhi informações preciosas acerca do preparo de originais, redação, revisão... No gabinete do diretor artístico, foi-me apresentada uma de suas secretárias: Mrs. Thurston.
“– Mrs. Thurston? – indaguei. O nome me era conhecido. Ah, sim... prende-se a uma bela experiência de um dos pioneiros adventistas no Brasil. Perguntei:
“– A senhora tem qualquer parentesco com o irmão Thurston, que foi missionário no Brasil?
“– Perfeitamente. Sou nora de W. Thurston.
“E à minha mente vieram os contornos daquele incidente, que fala da solicitude do Senhor por sua Obra no Brasil. Voltando depois à biblioteca, recorri ao livro The Hand that Intervenes [A Mão que Intervém], do pastor W. A. Spicer. ... Lá relemos a edificante narrativa:
“Muitos anos atrás, havendo desembarcado recentemente na cidade do Rio de Janeiro, o missionário W. Thurston se viu, com a família, sem dinheiro e sem pão. Por alguma falha, uma esperada remessa de dinheiro não lhe havia chegado. Era completamente estranho na grande cidade.
“Sendo convidado a dirigir a palavra aos marinheiros, num salão missionário do porto, desincumbiu-se da tarefa, falando do amor de Deus aos homens, e sem dar absolutamente a entender a sua necessidade de alimento. terminada a palestra, um cavalheiro veio a frente, e convidou o irmão Thurston para acompanhá-lo ao seu escritório. O próprio irmão Thurston referiu o caso numa conferência missionária:
“‘Segui-o ao seu gabinete, e ele disse:
“‘– Aqui está um pouco de dinheiro. Quero que o senhor o leve e o use até que eu lho peça – e entregou-me um saquitel de dinheiro, cerca de quatrocentos cruzeiros.
“‘– Bem – respondi – eu não lhe pedi dinheiro...
“‘– Eu sei – replicou ele – mas esse dinheiro me está sobrando aqui, e todos os dias tenho de guardá-lo. Quero que o senhor o leve e o use; talvez esteja precisando.
“‘Então eu lhe expliquei como de fato estávamos sem recursos, e nada tínhamos que comer, e era isso mesmo que necessitávamos. Tivemos uma conversa muito agradável, e minha esposa e eu fomos para casa e rendemos graças ao Senhor.
“‘De tempos a tempos, quando me encontrava com aquele senhor na rua, ele me entregava importâncias que iam de duzentos a mil cruzeiros, dizendo: ‘Tome isto: está-me sobrando. Não preciso disso. Leve-o e use; talvez precise. Fique com isso até que eu lhe peça.’
“‘A importância total atingiu de seis a sete mil cruzeiros; e quando devolvi o dinheiro ao homem, ele disse:
“‘– Eu nunca em minha vida fizera tal coisa de entregar dinheiro a alguém sem lhe exigir nenhum documento; mas eu sei o que foi que se deu: Deus me mandou que lhe desse esse dinheiro, porque o senhor tinha necessidade dele.’”[12]
** OS PRIMEIROS BATISMOS
Pastor Frank Westphal (sentado) e família
O mesmo navio – Magdalena – que trouxe o casal Thurston ao Brasil levou o pastor Frank Henry Westphal para a Argentina. Eram poucos os primeiros representantes da Igreja Adventista no continente sul-americano. No final de 1894, num território de 15.500.000 quilômetros quadrados, somente dez homens se dedicavam à proclamação da fé adventista, oralmente ou por escrito. Um deles era o pastor Westphal, outro era o diretor de colportagem, e os outros eram colportores, incluindo Stauffer e Bachmeyer. Mas, em apenas cinco anos, os dez já eram duzentos![13]
Neste mesmo ano – 1894 – Albert Bachmeyer chegou ao Estado de Santa Catarina. Grande foi sua alegria quando, ao oferecer livros a uma família em Brusque, descobriu que havia adventistas ali. Imediatamente, transmitiu a boa notícia a Thurston que, por sua vez, escreveu informando o pastor Westphal, na Argentina.
Westphal foi o primeiro ministro adventista enviado para servir na América do Sul. Ordenado ao ministério em 1883, em Michigan, dedicou-se à missão urbana de Milwaukee e lecionou História no Departamento Alemão do Union College. Em 1894 foi chamado para servir no continente sul-americano.
O pastor F. H. Westphal veio para a América do Sul juntamente com Willian Henry Thurston, que era irmão da esposa do pastor. Thurston, como já vimos, ficou no Rio de Janeiro e Westphal seguiu para a Argentina.
Em fevereiro de 1895, o pastor Westphal desembarcou no Rio de Janeiro, onde o esperavam o casal Thurston e o colportor A. B. Stauffer. Sobre esta experiência Westphal escreveu: “Quando a Associação Geral me enviou para o grande continente meridional, eu fui nomeado superintendente da Missão Costa Leste da América do Sul, que incluía Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. Assim, eu me senti na obrigação de fazer uma visita ao Brasil logo que possível. Após ter passado aproximadamente seis meses na Argentina e no Uruguai, zarpei para o Brasil em fevereiro de 1895. Quando nosso barco chegou, ficamos de quarentena [procedimento comum na época] numa linda ilha [Ilha das Flores] perto do Rio de janeiro, onde permanecemos muitos dias.”[14]
Acompanhado por Stauffer, o pastor Westphal seguiu primeiro para o interior de São Paulo, para batizar os primeiros conversos naquele Estado. “A terra era muito traiçoeira” – conta Westphal – “e encontramos muitos desmoronamentos em nosso caminho, alguns dos quais até mesmo soterraram o trilho do trem. Tivemos que viajar a pé 60 quilômetros no abrasador e sufocante calor de um verão tropical, mas arranjamos um trem carregador de cascalho para o restante da viagem. Fomos a Piracicaba para realizar nosso primeiro batismo no Brasil, pois morava nessa cidade um crente que já obedecia à verdade havia algum tempo, tendo até mesmo traduzido o livro Caminho a Cristo para o português.”[15]
O crente a quem o pastor Westphal faz referência é o professor Guilherme Stein Jr., justamente o primeiro adventista brasileiro a ser batizado, numa manhã de abril de 1895. Seu batismo foi realizado no rio Piracicaba, que na língua indígena significa colheita de peixes. “Interessante o simbolismo, porque este primeiro batismo seria apenas o primeiro passo para uma grande colheita de almas.”[16]
“Guilherme Stein Jr. nasceu em Campinas, em 13 de novembro de 1871, e estudou nessa cidade, num colégio alemão luterano. Em 1893, transferiu-se para Piracicaba, indo residir na casa dos pais de Maria Krähenbühl, com quem se casou posteriormente. Os Krähenbühl eram metodistas. Guilherme Stein começou a freqüentar a Igreja Metodista e converteu-se. Tornou-se ardoroso estudante da Bíblia. Levantava-se todos os dias às cinco horas da manhã, para ler e estudar a Palavra de Deus antes de ir para o trabalho...
“Maria Krähembühl contou a Guilherme Stein que sua avó possuía um livro que lhe fora vendido por dois homens que não tomavam café (Albert Staufer e Albert Bachmeyer). O livro era Der Grosse Kampf (O Grande Conflito). Foi grande o entusiasmo e intereresse de Guilherme Stein ao ler esse livro. Desejou mais literatura e ao encontrar no próprio livro o número de uma caixa postal no Rio de Janeiro, entrou em contato com Willian Henry Thurston, que lhe remeteu mais literatura e ao mesmo tempo escreveu ao seu cunhado Frank Henry Westphal, na Argentina, para que viesse conhecer o progresso missionário adventista no Brasil através da colportagem.”[17]
Guilherme Stein Jr.: primeiro converso batizado no Brasil
Stein Jr. desempenhou papel importante na obra adventista do Brasil como colportor, evangelista, professor, administrador, redator e editor. Sobre seu batismo, diz o pastor Westphal: “Escolhemos para o batismo um lugar em que uma pequena ponta de terra se projetava em direção às águas. Temendo que pudesse atolar-me naquele local, pedi que o irmão Stauffer me segurasse pelo paletó com uma das mãos, e com a outra se agarrasse a um galho de árvore, permitindo assim que eu ajudasse também o candidato. Desta forma entramos na água e foi realizado o batismo.”[18]
Local do primeiro batismo adventista no Brasil
O segundo batismo ocorreu logo em seguida, em Rio Claro, com dois conversos: Guilherme e Paulina Meyer. Logo depois, mais seis pessoas foram batizadas em Indaiatuba: Guilherme Stein (pai), sua esposa e mais quatro filhos. A etapa seguinte era Santa Catarina.
Antes de chegar a Brusque, no dia 30 de maio de 1895, o pastor Westphal pregou a mensagem nas cidades de Joinville, Blumenau e outras da região. Deixou mais de 30 observadores do sábado em Joinville (dentre eles os ex-seguidores de Stangnowsky), preparando-se para um batismo futuro.
Já em Brusque, Westphal diz ter encontrado os primeiros grupos de conversos aos adventismo, no Brasil. “O primeiro grupo a ser visitado vivia numa pequena comunidade um pouco distante de Brusque”, lembra Westphal. “Um jovem montado numa mula foi o meu guia. Iniciamos a viagem à uma hora da manhã, viajando por montanhas altas e, quando o dia amanheceu, estávamos bem acima das nuvens, que pareciam belos lagos. Após viajarmos diversas milhas, alcançamos o lar do irmão Guilherme Belz, que alguns anos antes havia aceitado a mensagem.”[19]
Enquanto visitava a Vila de Brusque e suas imediações em busca dos crentes dispersos, o pastor Westphal teve que enfrentar a forte oposição e intransigência dos religiosos da época – tanto luteranos como católicos – que se consideravam donos da verdade. Algumas vezes esteve a ponto de perder a vida, mas prosseguiu em sua missão.
Emocionados, os novos conversos ouviram pela primeira vez a pregação de um ministro adventista. Em 8 de junho de 1895, foi realizado o primeiro batismo de oito pessoas no rio Itajaí-Mirim, uns cinco ou seis quilômetros acima da Vila de Brusque. Foram registradas as seguintes pessoas: o casal Ludwig e Henriette Look, Carlos Look Filho e Ida Look, o casal Karl e Hulda Thrun e os filhos Hermann, Gustav e Isidor Thrun.
Três dias depois, o pastor Westphal realizou o segundo batismo em Braunschweig (Gaspar Alto). Naquele dia, mais 14 pessoas foram batizadas: o casal Guilherme e Johanna Belz, Francisco e Gerthrud Belz e Anna Wagner; o casal Augusto e Johanna Olm, Margarete Olm, Ricardo Olm e suas irmãs Martha e Clara Olm; Hermann e Emill Olm o colportor Albert Bachmeyer que, embora convertido, ainda não havia sido batizado.[20] (Em 14 de dezembro desse mesmo ano, foi realizado o primeiro batismo adventista no Estado do Espírito Santo. O Pastor Huldreich Graf batizou na ocasião 23 pessoas, dentre as quais os pais do Pastor Gustavo Storch.[21])
Certo dia, o pastor Westphal estava fazendo os preparativos para uma reunião de sexta-feira à noite e sábado, no final da qual haveria uma Santa Ceia, em Brusque. Entretanto, o dono da casa onde os adventistas iriam se reunir não quis mais cedê-la; devolveu o dinheiro do aluguel e pediu o recibo de volta. O pastor Westphal perguntou o porquê daquilo e o proprietário explicou que o padre o havia visitado, ameaçando denunciá-lo no sermão de domingo, caso ele permitisse que os adventistas usassem a casa. Como aquele senhor era comerciante, temeu que aquilo trouxesse vexame sobre ele, atrapalhando seu negócio. Percebendo que o homem estava realmente preocupado, o pastor Westphal devolveu-lhe o recibo pegando o dinheiro de volta.
O gerente de uma fábrica de roupas, sabendo do problema, cedeu uma grande sala para realizarem o culto de sexta-feira à noite. Mas, na manhã seguinte, o proprietário da fábrica, também por imposição do pároco, mandou suspender a cessão do local. Depois de procurarem sem sucesso outro lugar, os adventistas reuniram-se à margem do rio Itajaí-Mirim, onde havia toras de madeira que serviram de assento, e uma tora maior, com superfície plana, que serviu de mesa para a Santa Ceia.
Sobre essa reunião, ocorrida em junho de 1895, disse o Pastor Westphal: “Naqueles bancos de madeira junto ao rio formamos o primeiro grupo organizado de adventistas do sétimo dia do Brasil[22] e celebramos a Ceia do Senhor.”[23] Augusto Olm foi escolhido para a função de primeiro-ancião e Guilherme Belz, para a de diácono. Os cultos eram realizados alternadamente na casa dessas duas famílias, até que, no dia 23 de março de 1898, foi inaugurado o singelo templo de Gaspar Alto.
Além dos membros batizados, vários interessados na mensagem participaram daquela Santa Ceia às margem do Itajaí-Mirim. Um deles era uma mulher proprietária de uma destilaria. Durante o culto ela nada dizia, mas lágrimas lhe rolavam dos olhos, porque um de seus filhos havia falecido justamente em decorrência do alcoolismo e um outro estava indo pelo mesmo caminho. No final da cerimônia, ela retornou decidida para casa. Fechou a destilaria e transformou o salão de bailes numa casa de culto.
Depois de passar cinco meses longe da Argentina, o pastor Westphal ansiava por rever a família. Planejava viajar no dia seguinte à cerimônia às margens do Itajaí-Mirim, quando recebeu mensagem de um comerciante, pedindo-lhe para visitá-lo à noite, antes de viajar. O homem havia convidado várias pessoas para ouvir o pastor falar sobre a Palavra de Deus, e Westphal aceitou o convite, pregando um sermão sobre “a obra do selamento”. O próprio pastor Westphal conta o que ocorreu então: “Eu estava finalizando meus comentários com um apelo fervoroso para que meus ouvintes se preparassem para a vinda do Senhor. Houve um súbito barulho, como o tiro de um canhão. Inconsciente do que havia ocorrido, mas vendo meus amigos pegando pedras no chão, eu olhei para a janela atrás de mim. Lá, suspensa pela frágil cortina, havia uma pedra grande, de aproximadamente duas vezes o tamanho do punho de um homem. Então meus amigos me disseram que oito homens tinham se reunido perto da janela com uma pedra cada um. E quando um deles contou até três, todos juntos atiraram as pedras ao mesmo tempo, tendo como alvo minha cabeça. Mas nenhuma pedra sequer tocou em mim. O comerciante, profundamente emocionado por toda esta maravilhosa manifestação do cuidado protetor de Deus, ajoelhou-se e orou.”[24]
Logo após a reunião, Westphal planejava voltar ao hotel a fim de prosseguir viagem durante à noite, mas seus ouvintes insistiram para que não fizesse isso, pois os agressores poderiam estar à beira da estrada aguardando para um novo ataque. Westphal disse que não poderia se arriscar a perder o navio para Buenos Aires. Ele estava preocupado com a esposa, que não sabia falar espanhol, e com os filhos pequenos.
Mais tarde Westphal soube que, de fato, aqueles oito homens haviam se escondido atrás de alguns arbustos no caminho por onde ele voltou para o hotel. Mas “o poder protetor de Deus lhes impediu de me atacarem”, escreveu o pastor. “À uma hora da manhã eu iniciei minha jornada a cavalo, regozijando-me por ter escapado sem nenhum arranhão.”
Depois de uma longa cavalgada, cansado e exausto, Westphal alcançou o navio que rumava para a Argentina. Como seu dinheiro estava no fim, ele comprou uma passagem de terceira classe, dormindo num banco sem colchão. Numa parada no Rio Grande do Sul, Westphal comprou um cobertor a fim de melhor enfrentar o clima frio do sul.
Dias depois, quando finalmente chegou em casa, a esposa e o filho de quatro anos foram recebê-lo à porta, mas a filhinha Helen não apareceu. A Sra. Westphal, com o olhar triste, contou então ao esposo que sua filha havia falecido havia duas semanas, sendo sepultada no cemitério de Chacarita, num lugar próprio para estrangeiros. Muitas cartas foram enviadas ao Brasil, relatando a situação de Helen, mas nenhuma delas chegou às mãos do pastor.
“À medida em que ela me contou os detalhes acerca da batalha perdida para a morte”, relata Westphal, “nossos corações sofreram, mesmo que não desejássemos reclamar. Além do mais, essa triste experiência abriu mais ainda nossa compreensão do maravilhoso amor de Deus. Percebemos mais profundamente quão grande foi o amor do Pai Celeste em ter dado Seu único Filho para morrer uma morte cruel, numa terra estranha, distante de Seu lar celestial e de todos aqueles de quem recebia amor e simpatia. Isto nos levou a consagrar nossas vidas uma vez mais a Deus e à Sua obra, e trabalhar fielmente, para que venha logo o dia em que o Senhor aparecerá e devolverá nossa pequena filhas aos braços de sua mãe.”
Sobre aqueles dias difíceis, a esposa de Westphal escreveu: “Longas viagens foram feitas em assentos de madeira. Dormíamos em camas duras, pois naqueles dias poucas pessoas possuíam colchões de mola. Em alguns lugares havia muitos mosquitos e pulgas. ... Aqueles foram dias de bênçãos espirituais, e não existe arrependimento pelo sacrifício que fizemos. Se pudesse, viveria aqueles dias novamente e faria um trabalho melhor pelo meu Mestre. Porém, ‘passamos por este caminho apenas uma única vez’, portanto, vamos ser fiéis enquanto os dias ainda estão se esvaindo.”[25]
“Nunca mais tive o privilégio de rever a cidade de Brusque”, escreveu Westphal, “mas estou sabendo que novos membros foram acrescentados ao grupo de lá, e já aumentou para uma igreja de duzentos membros.”[26]
Poucos anos depois, grupos de conversos adventistas já realizavam a Escola Sabatina em Campos dos Quevedos e Taquari (RS), Joinville (SC), Curitiba (PR), Rio Claro e Indaiatuba (SP) e Santa Maria (ES). O árduo trabalho dos missionários pioneiros prosperava, e mais e mais pessoas eram salvas para o Reino de Deus.
Primeira conferência pública em Gaspar Alto. Atrás, o primeiro templo, de madeira
Primeiro templo de Gaspar Alto, inaugurado em 23 de março de 1898
Segundo templo de Gaspar Alto, construído após a II Guerra Mundial
Referências:
1. Westphal, F. H. Pioneering in the Neglected Continent, Nashville, Tennessee: Southern Publishing Association, 1927, p. 32 e 33.
2. Westphal, F. H. Op. cit, p. 34.
3. Sobre esse grupo encontrado por Westphal em Joinville, o Pastor William Spicer escreveu o seguinte: “Guardadores do sábado foram encontrados, os quais haviam aprendido sobre o sábado, do mesmo velho grupo religioso que o nosso povo havia descoberto na Prússia Oriental. O líder deles cria que havia mais luz a ser revelada, e nessa mensagem do advento ele e seus associados alegremente reconheceram a luz mais completa pela qual haviam orado” (Our Story of Missions for Colleges and Academies, p. 266).
4. Streithorst, Ruth Vieira. Pelos Caminhos e Valados, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997, p. 39.
5. Reseña de los Comienzos de la Obra em Sudamerica, p. 10.
6. Seventh-Day Adventist Encyclopedia, verbete Snyder, Elwin Winthrop, p. 1.202 – citado por Ruy Carlos de Camargo Vieira, em Vida e Obra de Guilherme Stein Jr. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1995, p. 132.
7. História de Nossa Igreja. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1965, p. 327 e 328.
8. Vieira, Ruy Carlos de Camargo. Op. cit., p. 132.
9. Ibidem, p. 146.
10. Lüdtke, Mizael. Origem e Desenvolvimento da Igreja Adventista no Espírito Santo, São Paulo, SP: Instituto Adventista de Ensino, 1989, p. 17.
11. Christianini, Arnaldo B. Casa Publicadora Brasileira é História, p. 8.
12. Waldvogel, Luiz. Memórias do Tio Luiz, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988, p. 115 e 116, 166-168.
13. Peverini, Héctor J. En Las Huellas de La Providencia, Argentina: Associación Casa Editora Sudamericana, 1988, p. 75.
14. Westphal, F. H. Op. cit., p. 28.
15. Ibidem, pág. 29.
16. História de Nossa Igreja. Departamento de Educação da Associação Geral da IASD, 1959, p. 311.
17. Streithorst, Ruth Vieira. Op. cit., p. 51 e 52.
18. Westphal, F. H. Op. cit., p. 29.
19. Ibidem, pág. 30.
20. Dados obtidos do Livro de Registro de Membros da Igreja de Gaspar Alto. Transliteração de caracteres góticos para o português feita por Edegardo Max Wuttke.
21. Storch, Gustavo S. Venturas e Aventuras de Um Pioneiro, Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1982, p. 12 e 13.
22. No livro Origem e Desenvolvimento da Igreja Adventista no Espírito Santo, o autor, Mizael Lüdtke, com base no livro Our Story of Missions for Colleges and Academies, contesta essa informação. No livro mencionado por Lüdtke, o pastor Willian A. Spicer afirma que quando o pastor Graf visitou Santa Maria, ES, organizou ali a primeira igreja adventista brasileira, em dezembro de 1895. Por outro lado, E. H. Meyers, que foi secretário do Departamento de Publicações da Divisão Sul-Americana de 1923 a 1927, em seu livro Reseña de los Comienzos de la Obra en Sudamerica, confirma a informação de Westphal, ao escrever: “Com estes 23 membros batizados se organizou, naquela época [15 de junho de 1895], a primeira igreja adventista do sétimo dia do Brasil” (p. 5). Meyers esteve em Gaspar Alto e conversou com alguns pioneiros ainda vivos, batizados havia 28 anos. Em seu livroPioneering in the Neglected Continent (p. 34), Westphal diz ainda que Augusto Olm foi o primeiro ancião da igreja de Gaspar Alto, confirmando sua organização. Posteriormente, como informa o Dr. Gideon de Oliveira (História de Nossa Igreja, p. 310), o pastor H. F. Graf supervisionou, em fevereiro de 1896, a organização da igreja de Gaspar Alto.
23. Westphal, F. H. Op. cit., p. 10 a 12 e 28.
24. Ibidem, p. 37 e 38.
25. Ibidem, p. 43.
26. Ibidem, p. 37.
Acesso Teológico
Naldo JB
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