Já
que os temas escatológicos (referentes aos últimos dias proféticos) exercem
grande fascínio sobre os Adventistas, vou colocar alguns pontos que ajudam a
compreender melhor os livros de Daniel e Apocalipse.
Características
de Daniel e Apocalipse
1.
Estes livros são estruturados em relação ao tempo. Exemplos: 1.260 anos, 2.300
anos, 1290, 1335, 70 semanas. Tais profecias de tempo não têm um objetivo em si
mesmas, mas seu propósito é apontar para um grande fim – são Teleológicas.
2.
A segunda característica é a Teodicéia Cristocêntrica. Cristo representa o
caráter de Deus e Se torna o Governador que tem direito sobre este planeta.
3.
A terceira característica são as repetições ampliadas. Exemplos:
•
Daniel 7 é a repetição de Daniel 2 – os quatro reinos são repetidos nos animais
de Dan. 7. Mas não é uma mera repetição. Há um elemento novo – o Anticristo.
Portanto, é uma repetição mais ampla.
•
Daniel 8 acrescenta ainda outro elemento – o trabalho do Anticristo no
santuário.
•
Daniel 11 também adiciona outro elemento – que haverá uma guerra bem próxima do
fim.
•
E no Apocalipse temos várias séries como esta. Por exemplo, as Sete Igrejas, os
Sete Selos, as Sete Trombetas, as Sete Últimas Pragas, Apoc. 12, 13 e 14.
•
II Tessalonicenses 2 e Mateus 24 também possuem esta característica.
São,
ao todo, pelo menos doze séries apontando para o mesmo evento – a Segunda Vinda
de Cristo. Nestas séries, é sempre acrescentado um elemento novo àquilo que
fora citado anteriormente. Este é o "ABC da Escatologia".
Estas
doze séries mostram que estamos vivendo no tempo do fim.
Que
peso para o nosso argumento! Que convicção!
Os
Adventistas têm esta convicção e podem notar a urgência da mensagem de Deus.
As
Escolas Básicas de Interpretação Profética
-
Futurismo (criada por Francisco Ribera, católico): o anticristo é um indivíduo
ainda por aparecer, um ímpio governante de Jerusalém, que surgirá no fim dos
séculos, e governará por 3 anos e meio literais.
- Preterimos
(criada por Luís de Alcazar, católico): afirma que praticamente todas as
profecias terminaram na queda da nação judaica, e com a destruição de Roma
pagã. O anticristo havia sido um imperador romano, como Nero, Domiciano ou
Diocleciano.
-
Historicismo: as profecias são desenvolvidas ao longo do fluxo histórico. Esta
é a corrente aceita na Igreja Adventista do 7º Dia, advinda da Reforma
Protestante e defendida por muitos estudiosos ao longo dos séculos.
É
curioso observar como o Catolicismo criou simultaneamente 2 sistemas de
interpretação (futurismo e preterismo), aparentemente opostos, com o objetivo
de desviar do papado as interpretações referentes ao poder que se uniria ao
dragão na perseguição a Deus e ao Seu povo.
As
características do "chifre pequeno" do livro de Daniel
1.
Ele sobe no meio dos 10 chifres do animal, após derrubar 3 deles – o chifre
surgiria do império romano, e abateria 3 dos 10 reinos que formaram este
império (foram eles, 3 destes 4 reinos: Visigodos, Vândalos, Hérulos e
Ostrogodos).
2.
Ele possuía olhos, como os de homem, bem como uma boca “arrogante” e
“insolente” – o poder representado pelo chifre pequeno é um poder temporal,
religioso e com pensamentos arrogantes e orgulhosos relativos ao seu alcance de
dominação mundial.
3.
O chifre pequeno parecia mais “robusto” do que os seus “companheiros” – ele
conseguiria em certo momento dominar até mesmo o poder temporal, bem como o
poder religioso.
4.
Fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles – seria um perseguidor
daqueles que desejasse permanecerem fiéis às leis de Deus, e rejeitarem a
contrafação que o chifre pequeno apresentaria ao mundo.
5.
Proferiria palavras contra Deus – sua pretensão seria tal que até mesmo as
prerrogativas de Deus este poder tomaria para si.
6.
Magoaria os santos de Deus – a perseguição aos fiéis seria grande e feroz.
7.
Mudaria os tempos e a lei – o sábado da lei de Deus seria alterado por um outro
dia de guarda, em obediência total ao poder do chifre pequeno.
8.
Dominaria os santos por 3,5 tempos (1260 anos) – durante este período de tempo,
os santos estariam totalmente à mercê das perseguições sangrentas do chifre
pequeno (538 AD a 1798 AD).
9.
Seria julgado pelo tribunal divino, e destruído – chegará o momento em que Deus
intervirá definitivamente, e o chifre pequeno, com todos os seus seguidores,
será destruído ante a autoridade do Deus do Céu.
Estrutura
Quiástica de Apocalipse
Um
“quiasma” é uma estrutura literária na qual a mensagem se desenvolve até se
chegar a um “núcleo”, retornando em seguida para ampliar as mensagens do início
da estrutura.
Veja
um exemplo:
A.
Prólogo (1:1-8)
B.
Sete igrejas (1:9-3:22)
C.
Sete selos (4:1-8:1)
D.
Sete trombetas (8:2-11:18)
E.
A crise final (11:19-15:4) – MENSAGEM CENTRAL DO LIVRO
D’.
Sete pragas (15:5-18:24)
C’.
Milênio (19:1-20:15)
B’.
Nova Jerusalém (21:1-22:5)
A’.
Epílogo (22:6-21)
Cuidados
com a “Marcação de Datas”
O
Pr. Demóstenes Neves (SALT-IAENE) selecionou 15 verdades sobre marcar datas
para a volta de Jesus e os últimos eventos, segundo o Espírito de Profecia
(Mensagens Escolhidas, vol. 1, cap. 23):
1.
Fique claro que não nos pertence saber o tempo que Deus reservou para Si (Atos
1:3 a 8). E isso vale para os nossos dias (Mens. Escolhidas, vol. 1, p.
185-186).
2.
Deus não revelou esse tempo.
3.
Em vez de vivermos preocupados na expectativa de algum tempo especial de
excitação ou exaurir as energias de nossa mente em especulações quanto ao tempo
e as estações, devemos fazer o que é preciso para que as almas sejam salvas
(Mens. Escolhidas, vol. 1, p. 186).
4.
“Satanás está sempre pronto a encher a mente com teorias e cálculos que desviam
homens da verdade presente, e inabilitam-nos para dar a mensagem do terceiro
anjo ao mundo” (Idem).
5.
“Jesus não veio assombrar os homens com alguns grandes pronunciamentos de um
tempo especial em que havia de ocorrer algum grande acontecimento, mas veio
instruir e salvar os perdidos” (Idem, p. 187).
6.
Progredíssemos nós em conhecimento espiritual, e veríamos a verdade se
desenvolvendo e expandindo em sentidos com que mal temos sonhado, porém ela
jamais se desenvolverá em quaisquer direções que nos levem a imaginar que
podemos saber os tempos e as estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio
poder (Idem, p. 188).
7.
“Tenho sido repetidamente advertida com referência a marcar tempo. Nunca mais
haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo” (Idem).
8.
“Não devemos saber o tempo definido nem para o derramamento do Espírito Santo
nem para a vinda de Cristo” (Idem).
9.
“O Senhor mostrou-me que a mensagem deve ir, e que não deve depender de tempo;
pois o tempo nunca mais será uma prova [após 1844]” (Idem).
10.
“Vi que alguns estavam ficando com uma falsa excitação, nascida de pregar-se o
tempo; vi que a terceira mensagem angélica pode subsistir sobre seu próprio
fundamento, e que não precisa nenhum tempo para fortalecê-la, e que ela irá com
forte poder, e será abreviada em justiça” (Idem).
11.
“Os tempos e estações, Deus estabeleceu por Seu próprio poder. E por que não
nos deu esse conhecimento? - Porque não faríamos dele o devido uso, caso Ele
assim fizesse. Desse conhecimento viria em resultado um estado de coisas entre
o nosso povo, que retardaria grandemente a obra de Deus no preparar um povo
para subsistir naquele grande dia que há de vir. Não devemos viver em excitação
acerca de tempo” (Idem, p. 189).
12.
“Jesus disse aos Seus discípulos: ‘vigiai’, mas não para um tempo definido.
Seus seguidores devem encontrar-se na posição dos que estão à escuta das ordens
de seu Comandante; devem vigiar, esperar, orar, e trabalhar à medida que se
aproxima o tempo da vinda do Senhor; ninguém, no entanto, será capaz de
predizer exatamente quando virá aquele tempo; pois ‘daquele dia e hora ninguém
sabe’. Não sereis capazes de dizer que Ele virá dentro de um, dois, ou cinco
anos, nem deveis retardar Sua vinda, declarando que não será por dez ou vinte
anos” (Idem).
13.
“Deus não nos revelou o tempo em que esta mensagem será concluída, ou quando
terá fim o tempo da graça. As coisas reveladas aceitaremos para nós e nossos
filhos, não busquemos, porém, saber aquilo que foi mantido em segredo nos
concílios do Todo-Poderoso” (Idem, p. 191).
14.
“Têm-me chegado cartas perguntando se tenho qualquer esclarecimento especial
quanto ao tempo da terminação do tempo de graça; e respondo que tenho apenas
esta mensagem a dar: ‘que agora é tempo de trabalhar, enquanto é dia, pois a
noite vem, quando ninguém pode trabalhar’”. (Idem, p. 189).
15.
“Não há, porém, nenhum mandamento para ninguém pesquisar as Escrituras a fim de
verificar, se possível, quando terminará o tempo da graça. Deus não tem tal
mensagem para quaisquer lábios mortais. Ele não quer que nenhuma língua mortal
declare aquilo que Ele ocultou em Seus secretos concílios” (Idem, p. 191).
Fonte: Gilson Medeiros
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