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sábado, 22 de agosto de 2015

Não basta ser pai, tem que participar!


Pouco tempo atrás, assistindo a uma reportagem, conheci um pai que lutou para que o filho viesse ao mundo mesmo sabendo que ele sofria de uma grave deficiência. Ele é um pai que faz questão de mostrar para todas as pessoas que o que ele faz, o filho pode pelo menos acompanhar.
José Rosa das Neves é praticante de triatlo, uma modalidade esportiva que envolve natação, ciclismo e corrida. E é do filho Elkier que vem a energia e a vontade para competir. O rapaz tem 22 anos, mas seu corpo tem o tamanho do de uma criança. É um dos efeitos da mielomeningocele. A doença afeta a coluna, os braços, as pernas, a fala, a respiração, o cérebro e deixa Elkier totalmente dependente de ajuda.

Toda manhã, em uma casa simples em Curitiba, capital do Paraná, o Luís Iran, irmão de 16 anos, é quem cuida de tudo enquanto o pai trabalha. A mãe dos meninos não mora mais com eles. Dentro desse contexto, a rotina do Elkier era limitada a um quarto, até que, um dia, o pai viu que não precisava ser assim.

Neves, por muitas vezes, deixou o filho em casa para ir praticar seu esporte. Mas fazia isso pela alegria de voltar para casa e mostrar o troféu ou a medalha de participação para o filho especial. Ele sempre fazia isso. Até que teve a ideia de começar a envolver o rapaz. Porém, havia algumas dificuldades. Como levar o Elkier na água na prova de natação? E no trajeto com bicicleta? Um a um, os problemas foram superados. Eles ganharam um barco inflável e um carrinho especial, e começaram a treinar nas ruas do bairro. O filho mais novo, o Luís Iran, decidiu seguir os passos do pai. Virou atleta. Em 2013, Neves e os dois filhos completaram a primeira prova juntos. Daí pra frente não pararam mais.

O pai fala orgulhoso que a vida de seu filho Elkier mudou completamente. O mundo do rapaz era uma cama, um sofá, quatro paredes e uma televisão. Depois, com o envolvimento com o esporte, conseguiu um novo sentido para sua existência.

Nas provas de triatlo que acontecem em várias cidades brasileiras, no meio de tantos competidores, lá está a família Neves: o pai e dois filhos. Eles sempre chegam bem cedo para as competições. Outros atletas que veem a cena comentam que é uma “superação que até emociona”. E emociona mesmo, já que durante as provas do triatlo, para poder envolver o filho, o pai empurra um carrinho na corrida e no ciclismo, e carrega um pequeno bote durante a prova de natação.

Obviamente que a família Neves é sempre uma das últimas a completar a prova. Mas o tempo não importa. Para eles cada prova é uma vitória. Depois de contar essa história, não vou gastar mais palavras para enaltecer a figura do pai. Um exemplo como esse basta. Uma vida como esta é suficiente para demonstrar que a essência da paternidade é a palavra “amor”. É como muito bem disse um homem que assistia a uma das competições em que a família Neves participava. Dirigindo-se ao pai do competidor especial ele falou: “Precisamos desses exemplos mesmo, viu pai? Pra gente aprender a ser pai. Valeu, hein!”.


Valeu mesmo!

Por Márcia Ebinger: Nasceu na capital do Estado de São Paulo e formou-se em jornalismo no ano de 1989. Trabalhou em três empresas jornalísticas antes de ingressar na obra adventista. Em seus 23 anos de profissão realizou atividades ligadas a TV, rádio, mídia impressa e web. É casada com o contador Kision, com quem tem dois filhos, Keilise e Pedro. Twitter: @marciaebinger

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