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quinta-feira, 11 de abril de 2013

A Mulher Adúltera de João 8 é a mesma Maria Madalena?

 Podemos identificar a mulher adúltera de João 8: 1-11 como sendo Maria Madalena?


[1]A maioria dos manuscritos antigos do Evangelho de João não contém o texto de João 7:53 a 8:11, onde aparece o relato sobre "uma mulher surpreendida em adultério" (8:3). Mas existem evidências suficientes para crermos que esse relato descreve um incidente genuíno na vida de Jesus, que enfatiza a mesma graça salvadora manifesta no diálogo com a mulher samaritana (João 4:1-42), na parábola do filho pródigo (Luc. 15:11-32) e na história de Maria Madalena (João 12:1-8). Profetas posteriores consideram o relato de João 8: 1-11 uma experiência real[2].

A tentativa de identificar a mulher surpreendida em adultério como sendo a "Suzana" mencionada em Lucas 8:3 não passa de mera conjectura, pois nem o relato bíblico e nem os comentários que mais se prezam mencionam o nome dessa mulher.
Estudiosos entendem que a mulher era casada e que fora induzida "ao pecado" pelos seus próprios acusadores com a intenção de "armar uma cilada para Jesus"[3].

Diz uma comentarista bíblica que o encontro daquela mulher com o Salvador marcou "o início de uma nova vida, vida de pureza e paz, devotada ao serviço de Deus", transformando-a em um dos "mais firmes seguidores" de Jesus e "um dos mais resolutos amigos de Jesus" que esteve com Ele mesmo "ao pé da cruz" por ocasião da crucifixão[4].

Maria Madalena é identificada nos Evangelhos como a pessoa de quem Jesus expulsou "sete demônios" (Mar. 16:9; Luc. 8:2), e que presenciou a crucifixão e o sepultamento de Cristo (Mal. 27:56, 61; João 19:25). Foi a ela que Cristo apareceu primeiro depois de ressuscitado, tornando-se a primeira porta-voz da ressurreição (Mal. 28: 1-10; Mar. 16:1-11; Luc. 24:1-11; João 20:1-18). Comentaristas bíblicos questionam, porém, se a unção de Jesus mencionada em Lucas 7:36-50 seria a mesma registrada em João 12:1-8 (ver também Mal. 26:6-13; Mar. 14:3-9), realizada por Maria Madalena.

Todavia, em harmonia com uma antiga tradição cristã, confirmamos que foi realmente Maria Madalena que ungiu com perfume a Jesus no banquete na casa de Simão. Maria Madalena era a irmã de Marta e Lázaro, e ela foi induzida "ao pecado" pelo próprio Simão. Além disso, ela "foi a última a deixar o sepulcro do Salvador, e a primeira a ser por Ele saudada na manhã da ressurreição".

A tentativa de identificar Maria Madalena como sendo a mulher surpreendida em adultério (João 8: 1-11) é, tanto passível de contestação quanto passível de aceitação. De contestação porque, em primeiro lugar, como já mencionado, a Bíblia jamais chama esta mulher de Maria Madalena. Os comentários sobre o Evangelho de João consultados na pesquisa para este artigo não fazem tal associação. A existência de uma tradição cristã antiga que corroborasse essa associação parece descartada por Carmen Bernabé Ubieta em sua obra María Magdalena: Tradiciones en el Cristianismo Primitivo (EstelIa, Espanha: Verbo Divino, 1994), onde nem ao menos aparece qualquer alusão ao texto de João 8: 1-11.
Por outro lado, de aceitação, pois John Fisher, um dos oponentes de Lutero, publicou em 1508 uma exposição homilética na qual ele identificava Maria Madalena como sendo a mulher surpreendida em adultério[5]. Mais recentemente, Morris Venden popularizou essa interpretação através do seu livro, no capítulo 2[6]. Mas a abordagem de Venden é igualmente homilética (somente de aplicação para a vida pessoal; somente tirando lições, com numa parábola), sem quaisquer tentativas de comprovação para suas idéias.

Poderíamos também buscar endosso para a referida associação onde vemos a mulher surpreendida em adultério como uma das mais dedicadas seguidoras de Cristo e como uma das mulheres que permaneceu ao pé da cruz por ocasião da crucifixão. Mas não podemos nos esquecer que Maria Madalena não foi a única mulher com essas características (ver Luc. 23:44-56).

Seja como for, qualquer tentativa de identificação entre a mulher surpreendida em adultério com Maria Madalena não passa de mera inferência não sugerida explicitamente pelo texto bíblico. Portanto, essa teoria deveria ser considerada uma opinião pessoal de quem a advoga, sem o apoio dos comentaristas bíblicos.

 [1]Adaptado de Alberto Timm, CPB, RA, Fevereiro de 2004.
[2]Review and Herald - de 25 de novembro de 1902 e 6 de setembro de 1906; Signs of the Times - 23 de outubro de 1879.
[3]Review and Herald, 25 de novembro de 1902.
[4]Signs of the Times, 23 de outubro de 1879.
[5]Jaroslav Pelican, The Christian Tradition, voI. 4, pág. 131.
[6]Morris Venden, “Como Jesus Tratava as Pessoas” (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1989).

Fonte: Pr. Valdecir Junior (Negrito meus para Destaques).

Acesso Teológico
Naldo JB

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