É
um fato marcante que mesmo cristãos professos têm freqüentemente falhado em
entender a Bíblia como ela deve ser entendida. Eles têm lido os termos bíblicos
com idéias preconcebidas derivadas da filosofia tradicional. Quando a filosofia
humana é misturada com revelação bíblica, o resultado é sempre uma teologia
especulativa. Tal filosofia tende a distorcer o caráter de Deus e o caminho da
salvação como exposto na Sagrada Escritura.
Especialmente,
a idéia bíblica distintiva de "perfeição" tem sofrido muito de várias
teologias especulativas. A história do Judaísmo e da igreja Cristã mostra uma
variedade de seitas religiosas e movimentos monásticos, cada qual pretendendo
ter o monopólio da verdadeira perfeição aos olhos de Deus.
Uma
análise crítica de cada forma específica de perfeccionismo revela, contudo, que
sem exceção o conceito bíblico de perfeição tem sido distorcido por uma mistura
de elementos estranhos.
Esta
história de falha deveria nos prevenir ao máximo de pretender possuir a
perfeição ou conhecer exatamente o que é isso aos olhos de Deus. Temos que
examinar nossas pressuposições e dogmatismo em primeiro lugar sobre perfeição,
se nós queremos avaliar nossos conceitos criticamente à luz da revelação
escriturística. Como necessitamos compreender a verdade da confissão de Davi:
"Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz"! (Sal.
36:9) A luz divina nos vem através das Sagradas Escrituras do Antigo e Novo
Testamentos, "revivificando a alma", "fazendo sábio o
simples", "alegrando o coração", "iluminando os
olhos", "permanecendo para sempre", "juntamente retos"
(Sal. 19:7-9).
No
campo da teologia bíblica, muitos vieram a compreender que idéias dos profetas
e apóstolos são mais do que conceitos. Elas são idéias nascidas no Céu,
"os Oráculos de Deus" (Rom. 3:2), através das quais Deus comunica Sua
graça, sabedoria e poder. Isto não significa que a Bíblia seja uma coleção de
provérbios não relacionados ou oráculos isolados. Pelo contrário, tanto o
Antigo como o Novo Testamentos são primariamente registros da incomparável
história dos feitos de Deus na História de Israel, todos estruturados por Seus
santos concertos com Israel e os Doze apóstolos. Os profetas interpretaram
fielmente o significado dos justos atos de Deus até que Jesus Cristo veio com a
mais completa revelação do santo caráter e vontade de Deus. "Quem Me vê a
Mim vê o Pai. " (João 14:9), disse Jesus a Filipe.
Ele
foi mais do que o Perfeito Intérprete do Torah, os Profetas e os Salmos. Suas
próprias palavras continham o poder criativo de graça e cura, que restauraram
no crente a imagem moral de Deus em verdadeira perfeição. Em verdade, Jesus
podia dizer: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida."
(João 6:63). "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (João 14:6).
Estas considerações levam-nos a aceitar o princípio fundamental de
interpretação de que Cristo é o verdadeiro Intérprete do Antigo Testamento, ou
afirmado diferentemente, a Bíblia é o seu próprio expositor.
A
guia do Espírito Santo, que inspirou a todos os escritores da Bíblia, sempre
fielmente acompanha as Escrituras Sagradas para iluminar e guiar as nossas
mentes e assegurar-nos da verdade divina.
Nosso
propósito é aplicar este princípio de interpretação agora ao estudo da idéia
bíblica de perfeição. Somente então nós podemos chegar a uma definição ou a uma sumária descrição da
perfeição bíblica.
Acesso Teológico
Naldo JB
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