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III Simpósio do Espírito de Profecia da Associação Bahia da IASD

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Triste dia para o universo



Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos 5:12.

Sendo nossos primeiros pais colocados no belo jardim do Éden, foram provados quanto a sua lealdade para com Deus. Eram livres para escolher o serviço de Deus, ou, pela desobediência, aliarem-se ao inimigo de Deus e do homem. … Caso eles desconsiderassem os mandamentos de Deus, e dessem ouvidos à voz de Satanás ao falar ele por meio da serpente, não somente perderiam seu direito ao Éden, mas à própria vida.

A primeira grande lição moral dada a Adão foi a da renúncia. Foram-lhe postas nas mãos as rédeas do domínio de si mesmo. Discernimento, razão e consciência deviam exercer o controle.

Foi permitido a Adão e Eva partilharem de toda árvore do jardim, exceto de uma. Uma única proibição. A árvore proibida era tão atraente e bela como qualquer outra das árvores do jardim. Foi chamada a árvore da ciência, porque participando daquela árvore de que Deus dissera: “Dela não comerás” (Gênesis 2:17), teriam o conhecimento do pecado, a experiência do desobedecer.

Com que intenso interesse observava todo o universo o conflito que decidiria da posição de Adão e Eva! Quão atentos escutavam os anjos as palavras de Satanás, o originador do pecado, enquanto ele… buscava anular a lei de Deus por meio de seu enganoso raciocínio! Quão ansiosos esperavam eles a ver se o santo par seria iludido pelo tentador, e cederia a suas artes! Eles se perguntaram a si mesmos: Vai o santo par transferir sua fé e amor do Pai e do Filho para Satanás? Aceitarão eles suas mentiras como a verdade?

Adão e Eva persuadiram-se de que de coisa tão pequenina como comer do fruto proibido, não poderiam resultar tão terríveis consequências como Deus havia declarado. Esta pequena coisa, entretanto, era pecado, a transgressão da imutável e santa lei de Deus, e abriu as comportas da morte e indizível miséria veio sobre nosso mundo. … Não consideremos coisa trivial o pecado.


Fonte: Ellen G. White, Para Conhecê-lo, pág. 09.

Acesso Teológico
Naldo JB

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Josué e suas vestes Sujas no livro de Zacarias



Zacarias 3 fala a respeito das vestes sujas de Josué e de como ele se encontrava diante de Deus. O que ele fez para estar assim?

Nessa passagem bíblica, a sujeira da roupa representa a vileza do pecado (Isaías 64:6). No livro “O Comentário Bíblico” de Matthew Henry, o autor chama a atenção para o fato de que o anjo mostra, em uma visão, o sumo sacerdote Josué a Zacarias. A culpa e a corrupção são grandes desalentos quando estamos diante de Deus. Pela culpa dos pecados cometidos por nós, estamos expostos à justiça de Deus; pelo poder do pecado que habita em nós, somos aborrecíveis para a santidade de Deus. Até o “Israel de Deus” corre perigo nesse aspecto; porém, tem o socorro de Jesus Cristo que é feito por Deus, a nossa justiça e santificação.

O sumo sacerdote Josué é acusado como infrator, mas é justificado. Quando estamos diante de Deus para ministrar ou quando defendemos a Deus, devemos esperar toda a resistência que a sutileza e a malícia de Satanás podem trazer. Contudo, o inimigo de Deus está controlado por Um que o venceu e muitas vezes o fez calar. Aqueles que pertencem a Cristo encontrarão seu Senhor para comparecer por eles quando Satanás se manifestar mais fortemente. Uma alma convertida é um tição tirado do fogo por um milagre da graça; portanto, não será deixada como presa de Satanás. Josué é mostrado como alguém contaminado, mas que foi purificado. Ele representa o “Israel de Deus” formado por pessoas que estão imundas até que sejam lavadas e santificadas em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus. Agora Israel estava livre da idolatria, mas ainda havia muitas coisas más neles. Havia inimigos espirituais fazendo guerra contra eles, e esses eram mais perigosos que quaisquer nações vizinhas.

Cristo se aborreceu com a imundícia das roupas de Josué, mas não o rejeitou. É dessa maneira que Deus age através da Sua graça com aqueles a quem escolheu para serem Seus sacerdotes. A culpa do pecado é tirada pela misericórdia que perdoa, e o seu poder é quebrado pela graça que renova. Assim, Cristo lava os pecados, em Seu sangue, daqueles que Ele torna reis e sacerdotes para o nosso Deus.


Aqueles a quem Cristo faz sacerdotes espirituais, Ele os veste com a túnica imaculada da Sua justiça. Vestidos dela comparecem diante de Deus com as graças de Seu Espírito que são os seus adornos. A justiça dos santos, imputada e implantada, é o linho fino, limpo e branco, com o qual se atavia a desposada, a esposa do Cordeiro (Apocalipse 19.8). Josué é restaurado às honras e aos encargos anteriores. Nele é colocada a coroa do sacerdócio. Quando o Senhor determina restaurar e reavivar a religião, Ele estimula os profetas e o povo para que orem por ela.


Acesso Teológico
Naldo JB

segunda-feira, 24 de junho de 2013

IV – Perfeição Cristã no Evangelho de Mateus



Dos quatro escritores do Evangelho, somente Mateus usa o termo "perfeito" (teleios). Esta palavra aparece duas vezes no seu Evangelho (Mat. 5:48; 19:21) como palavras do próprio Jesus.

Mat. 5:48

"Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (Mat. 5:48). Estas palavras freqüentemente citadas de Jesus sumarizam e são climáticas de toda a série de Seus pronunciamentos que foram dirigidos contra a piedade legalística dos escribas e fariseus. Falando enfaticamente, em Sua autoridade como o Messias, Cristo trouxe a verdadeira e perfeita interpretação messiânica de Moisés e dos profetas. Sendo o Rei de Israel, Ele personificou o Reino de Deus.

As declarações de Jesus em Mateus 5-7 são todas coloridas e direcionadas ao final estabelecimento do Reino de Deus em glória. Tendo afirmado Sua lealdade a Moisés e aos profetas (5:17-19), Jesus reiterou fortemente a antiga mensagem profética de que piedade externa e observância da lei ainda não qualificavam a alguém para o Reino de Deus. "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus." (Mat. 5:20).

Quão longe estava Jesus de criar uma antítese entre Moisés e Sua própria redenção messiânica, aparece de novo de Suas palavras: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!" (Mat. 23:23).

Cristo diferenciou no Torah, entre assuntos "mais pesados" da lei e aqueles de importância secundária; entre seus princípios centrais da graça, fé e justiça e observâncias rituais externas. Ele não rejeitou a adoração do Templo e seus serviços sacerdotais, mas reviveu seus objetivos reconciliatórios e santificadores. "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,  deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta." (Mat. 5:23-24).

Os pré-requisitos que Jesus estimulava para entrar no Reino de Deus parecem ser completamente os mesmos requerimentos sacerdotais exigidos no velho concerto para entrada no santuário (Sal. 15).

Em Mat. 5, Jesus indicou seis vezes que Moisés e o Torah deviam ser entendidos positivamente como motivados pelo amor a Deus e ao semelhante. Assim, Jesus corrigiu as interpretações superficiais e inadequadas dos escribas e fariseus. Desse modo, Jesus deu aos Judeus Seu Torah Messiânico. Finalmente, Cristo explanou como o amor do Pai celestial, fluindo imparcialmente para ambos os bons e os maus, é um perfeito amor que deve ser imitado ou refletido pelos verdadeiros filhos de Deus. "Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." (Mat. 5:43-48).

Do contexto, se torna claro que Jesus não Se dirige aos gentios que não conheciam a Moisés e o concerto, mas aos filhos de Israel que conheciam a Deus como o seu Pai celestial. Eles foram tratados como filhos salvos de Deus: "Vós sois o sal da terra." "Vós sois a luz do mundo." (v. 13,14).

A experiência redentiva de Israel é definitivamente pressuposta. Aqueles que têm testado o gracioso amor de Deus são agora chamados por Jesus para manifestar esse amor redentivo a seus semelhantes, mesmo a seus inimigos. Como filhos de Deus, eles não podem senão seguir em Seus passos e revelar Seu espírito.

A ordem de Cristo a Seus discípulos de que eles sejam tão perfeitos quanto o seu Pai celestial é desse modo, tanto uma promessa como um dever, um dom e uma demanda. Isto não é um ideal que no melhor se consegue apenas uma aproximação, mas nunca atingido. Pelo contrário, perfeição cristã implica numa experiência pessoal do amor salvador do Deus de Israel e a manifestação de seu poder santificador em amor sincero a todos os que necessitam de nossa ajuda.

Este amor, disse Jesus, não é uma perfeição inatingível, mas uma realidade que "deve" ser experimentada e radiada aqui e agora pelos filhos do Pai celestial. Aqueles que são amados por Deus podem e irradiarão este amor a seus semelhantes, mesmo quando os semelhantes sejam hostis, inimigos. Este perfeito amor, ou amor de todo o coração, é perfeição em ação. Esta perfeição do Evangelho é o reavivamento dos princípios do perfeito amor como proclamado por Moisés e os profetas (Deu. 6:5; Lev. 19:18).

Mateus 19:21
O segundo uso da palavra "perfeito" (teleios) por Mateus, aparece em Mat. 19:21: "Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me."

Enquanto o Sermão do Monte enfatizava a básica harmonia e continuidade do Velho e o Novo Concertos, Mateus também deseja revelar por que a fé cristã e o judaísmo rabínico divergem. A história do príncipe jovem rico pode ser vista como o encontro crucial do Farisaico Judaísmo e Jesus Cristo. Para a sincera pergunta do príncipe: "Que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?", Cristo referiu-lhe primeiro as Santas Escrituras e o concerto de Deus: "Se queres... entrar na vida, guarda os mandamentos." (Mat. 19:17).

Quando o jovem finalmente asseverou: "Tudo isso tenho observado; que me falta ainda?" (Mat. 19:20), ele revelou uma necessidade de segurança pessoal de salvação. Faltava-lhe a experiência redentiva do amor perdoador de Deus como oferecido nas Escrituras e no serviço do Templo. Em realidade, portanto, ele não tinha observado o Torah, desde que ele não tinha conhecimento do seguro amor salvador de Deus. Cristo, contudo, ofereceu-lhe o que lhe faltava por um direto chamado para estar com Ele e participar de Sua comunhão salvadora: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me." (Mat. 19:21).

O teste crucial não foi a venda de suas posses, mas se o príncipe rico aceitaria a Jesus de Nazaré como o Messias Salvador a ser seguido e desejaria isso acima de todos os tesouros terrestres. O príncipe judeu fora ensinado a amar a Yahweh de todo o seu coração e toda a sua alma. Agora Jesus reivindicava este supremo amor do jovem, prometendo-lhe que ele seria "perfeito" se ele seguisse a Jesus como o Filho de Deus e O aceitasse como o seu Salvador e Senhor pessoal.

De acordo com Jesus, conseqüentemente, perfeição existe não em praticar atos de sacrifício próprio pelo próximo, mas no companheirismo de Cristo, seguindo Seus passos na comunhão com Ele. O teste real para o líder judeu não foi se ele estava disposto a dar abundantemente para os pobres, mas se ele aceitaria Jesus como a última autoridade a ser  seguida e o Senhor divino de seu coração.

Recusando este chamado de Cristo, o príncipe revelou que suas "muitas propriedades" eram o mais alto tesouro de seu coração. Suas posses funcionavam como um ídolo de que Cristo tinha que libertá-lo, a fim de lhe dar sua própria comunhão e reino.

Perfeição então, não é a luta por ideais éticos ou mesmo o esforço para imitar ou copiar a vida de Cristo independente dEle, mas é pertencer a Ele com inteiro e não dividido coração, e vivendo com Ele por Seu poder salvador e santificador.

Como a perfeição é requerida de cada discípulo de Cristo conforme Mat. 5:48, não exatamente de algum grupo especial dentro da Igreja, todo crente cristão é colocado basicamente diante do mesmo teste, como o príncipe jovem rico: renunciar cada tesouro pessoal ou ídolo a fim de seguir a Jesus Cristo com um coração completo, não dividido.

Cristo deseja possuir o coração de cada cristão e transformá-lo em um templo em que o Espírito Santo possa habitar e governar com perfeito amor. Para tal, Ele prometeu a salvação final: "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus." (Mat. 5:8). Assim, a perfeição cristã é definida não pelo viver de alguém de acordo com a Lei moral, mas por pertencer e seguir ao Senhor Jesus Cristo com um coração puro. Tais pessoas "seguem o Cordeiro por onde quer que Ele vá" (Apo. 14:4).

Acesso Teológico
Naldo JB

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cristo está sempre presente



Mas Eu vos digo a verdade: Convém-vos que Eu vá, porque, se Eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-Lo enviarei. João 16:7.

Cristo disse: “Convém-vos que Eu vá.” Ninguém teria então qualquer preferência em virtude de sua localização ou contato pessoal com Cristo. O Salvador seria acessível a todos igualmente, espiritualmente, e nesse sentido Ele estaria mais perto de nós do que se não tivesse ascendido às alturas. Agora todos podem ser igualmente favorecidos, contemplando-O e refletindo Seu caráter. Os olhos da fé O vêem sempre presente, em toda a Sua bondade, graça, paciência, cortesia, e amor — enfim, em todos os Seus atributos espirituais e divinos. E ao contemplá-Lo, somos transformados na Sua semelhança.

Cristo em breve virá nas nuvens do Céu, e precisamos estar preparados para encontrá-Lo, sem mácula ou ruga ou qualquer destas coisas. Devemos agora aceitar o convite de Cristo. Ele diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.” Mateus 11:28-29. As palavras de Cristo a Nicodemos são de valor prático para nós hoje: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de Eu te dizer: Importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” João 3:5-8.

O poder convertedor de Deus precisa estar em nosso coração. Devemos estudar a vida de Cristo e imitar o Modelo divino. Precisamos demorar-nos sobre a perfeição de Seu caráter, e ser transformados na Sua imagem. Ninguém jamais entrará no reino de Deus se a sua vontade não se tornar submissa à vontade de Cristo.

O Céu se acha livre de todo pecado, de toda corrupção e impureza; e se quisermos viver em sua atmosfera, se quisermos contemplar a glória de Cristo, precisamos ser puros de coração, e ter um caráter perfeito por meio de Sua graça e justiça. Não devemos envolver-nos com prazeres e divertimentos, mas aprontar-nos para habitar nas gloriosas mansões que Cristo nos foi preparar. Se formos fiéis, procurando fazer os outros felizes, e sendo pacientes em fazer o bem, Cristo nos coroará com glória, honra e imortalidade, por ocasião de Sua vinda.


Fonte: Ellen G. White, Refletindo a Cristo, pág. 14.

Acesso Teológico
Naldo JB

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Cíume, o Zelo e o Amor de Deus


Se Deus é amor (1 Jo 4:8), e se o amor não arde em ciúmes (1Cor 14:4), como explicar o trecho bíblico: ‘porque eu, teu Deus, sou um Deus ciumento (Êx 20:4)’?

Meu prezado, não encontrei a palavra que você está mencionando, em Êxodo 20:4, mas acho que você deve estar se referindo a alguma expressão de Êxodo 20:5, certo?

Este é um problema mais de palavras do que de doutrinas ou de revelação divina.

Em primeiro lugar, em Coríntios a Bíblia não está dizendo que ter ciúmes, seja contrário ao amor; ali o texto diz que o amor não arde em ciúmes; o verdadeiro amor não tem ciúmes excessivos, nem tem o ciúme como base. Uma coisa é ser obcecado pelo ciúme (o que é doentio e contrário ao amor verdadeiro - o que seria arder em ciúme) outra coisa é ter uma taxa sadia de um ciúme zeloso. E aí vem o segundo ponto.

Em segundo lugar, precisa ver o que o texto bíblico está querendo expressar com este termo: ‘ciumento’. Você sabe que as bíblias que temos em mãos, em português, não estão em sua linguística original, certo? Ou seja, uma vez que este texto foi escrito em hebraico, tudo o que temos em mão são traduções. Ao traduzir, a dificuldade de conseguir expressar exatamente o que o autor pensava é muito grande, e por isto, se valendo de sinônimos, muitas vezes, ao comparar versões diferentes da Bíblia, você vê os tradutores expressando de formas diferentes, o mesmo sentido de uma mesma passagem, valendo-se de palavras sinônimas, por exemplo. E aí nos vem as perguntas:

"Qual é a palavra no original hebraico que foi traduzida para 'ciumento' na sua Bíblia?" Resposta: a palavra é 'qnna'; um termo adjetivo hebraico usado somente para a pessoa de Deus.

"O quê quer dizer, tal palavra?" Resposta: Tal palavra se origina de uma raiz que pode ter outros derivados que cheguem a significar 'ciúme'; mas tal variação em si, não; ela quer dizer sobre a característica de alguém ter um zelo muito forte, que exige exclusividade.

"Qual seria a melhor tradução para tal palavra?" Sinceramente, eu não ser que versão da Bíblia é esta que você está usando que expressa 'qnna' pela tradução 'ciumento'. Eu tenho aqui, em minha mesa, seis versões, e nenhuma delas usa a palavra ‘ciumento’. Veja abaixo:

1 – A Revista e Atualizada usa o termo ‘zeloso’.
2 – A Nova Tradução na Linguagem de Hoje usa o termo ‘não tolero’.
3 – A Revista e Corrigida usa o termo ‘zeloso’.
4 – A Tradução Brasileira usa o termo ‘zeloso’.
5 – A Young’s Literal Translation usa o termo ‘zealous’.
6 – A Nova Versão Internacional usa o termo ‘zeloso’.

Como a própria Bíblia diz que entre muitos conselheiros há mais sabedoria; diante de tantas traduções concordando com o uso de uma mesma palavra, a palavra 'zeloso', e diante do próprio sentido original hebraico do texto, é mais prudente entende-lo como sendo um indicador de um Deus zeloso, e não ciumento.


Deus é um Deus de amor.


Acesso Teológico
Naldo JB

segunda-feira, 17 de junho de 2013

III. Perfeição Humana no Antigo Testamento



C. Os Inspiradores Oráculos dos Profetas

Onde quer que os sacerdotes levíticos começaram a confiar nas cerimônias dos santos rituais propriamente ditos, não vendo a mensagem divina nelas, e perdendo o incentivo e motivação para a verdadeira obediência moral ao concerto, então o serviço do santuário de Israel se tornava distorcido e objetável a Deus, e Ele reagia enviando Seus profetas com mensagens especiais para os sacerdotes e seu ritualismo objetável. Os livros proféticos do Antigo Testamento repetidamente testificam da pecaminosa negligência de Israel de andar humildemente com Deus e perfeitamente com os seus companheiros de concerto.

No século oitavo AC, o profeta Miquéias, um contemporâneo de Isaías, dirigiu-se à Jerusalém com algumas questões específicas em nome de Yahweh: "Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me! Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã. Povo meu, lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que conheças os atos de justiça do SENHOR." (Miq. 6:3-5).

Miquéias desafiou o cerimonialismo morto e o materialismo pecaminoso de Jerusalém, anunciando o julgamento de destruição total da cidade santa e seu Templo (3:9-12). Contudo, esta mensagem de julgamento implicava no apelo divino para o arrependimento e retorno  Deus de todo coração e alma. O profeta relembrou à escolhida nação de sua grande redenção do Êxodo. Relembrou os atos justos e salvadores de Yahweh! Isto poderia desmascarar todos os atos rituais como um esforço para expiar seus pecados como uma tentativa fútil. Até mesmo o sacrifício de um primogênito não poderia tirar o pecado! "Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus." (Miq. 6:6-8).

Com este apelo desafiador os profetas proclamaram suas mensagens de julgamento a uma nação complacente, se era Amós e Oséias no reino do norte, ou Isaías, Miquéias, Jeremias, Ezequiel, no reino do sul. Em dramáticas e emocionantes exibições eles revelaram à nação escolhida a rejeição divina de um culto religiosos formal que tolerava e desculpava o pecado. Onde o serviço sacrifical falhava em purificar à nação de injustiça social, auto-glorificação e justiça pelas obras, os profetas por ordem de Deus eram chamados para sustentar o padrão da perfeição e santidade sacerdotais.

Isaías, com seu poder e brilho poético, reitera os pré-requisitos morais originalmente sustentados pelos sacerdotes: "Os pecadores em Sião se assombram, o tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam: Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas? O que anda em justiça e fala o que é reto; o que despreza o ganho de opressão; o que, com um gesto de mãos, recusa aceitar suborno; o que tapa os ouvidos, para não ouvir falar de homicídios, e fecha os olhos, para não ver o mal, este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas. Os teus olhos verão o rei na sua formosura, verão a terra que se estende até longe." (Isa. 33:14-17).

O Yahweh de Israel é um Deus santo, assim como também Ele é um Deus misericordioso e gracioso. Ele não pode e não tolerará pecado na nação escolhida por Sua graça. A ira de Deus foi derramada sobre uma Judá não arrependida através do exílio babilônico, que veio em três estágios intensificados (605, 597, 586 AC).

Após o segundo estágio (597 AC), 10.000 "todos os príncipes, homens valentes" foram levados cativos (2Reis 24:14), entre os quais estava o sacerdote Ezequiel. Os exilados judeus começaram a usar um provérbio que acusava seus pais de pecados pelo que eles tinham de levar a penalidade: "Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?" (Eze. 18:2). Contra esta tendência de pensamento entre os cativos de Babilônia, que prevenia qualquer aceitação de culpa pessoal e portanto de verdadeiro arrependimento, Ezequiel teve que falar: "A alma que pecar, essa morrerá" (18:4).

Por outro lado, se uma alma andasse com Deus de acordo com o santo concerto, ele poderia seguramente viver. O concerto de Deus o consideraria perfeito ou "justo". Ezequiel assim coloca diante do povo do concerto no exílio os antigos requerimentos do Torah de Moisés, como ordenados originalmente pelo ministério sacerdotal (Sal.15; 24): "Sendo, pois, o homem justo e fazendo juízo e justiça, não comendo carne sacrificada nos altos, nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua menstruação; não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor a coisa penhorada, não roubando, dando o seu pão ao faminto e cobrindo ao nu com vestes; não dando o seu dinheiro à usura, não recebendo juros, desviando a sua mão da injustiça e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; andando nos meus estatutos, guardando os meus juízos e procedendo retamente, o tal justo, certamente, viverá, diz o SENHOR Deus."  (Eze. 18:5-9).

Após uma detalhada aplicação desta ética do concerto a um pai e seu filho a fim de inculcar uma responsabilidade a Deus, a instrução terminava num clímax com um emocionante apelo a Israel para arrepender-se, à luz do quadro purificado do santo e redentivo amor de Deus. "Portanto, eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o SENHOR Deus. Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões; e a iniqüidade não vos servirá de tropeço.  Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei. (Eze. 18:30-32).

Após os 70 anos de exílio em Babilônia, um novo começo foi feito quando Deus entrou em um novo concerto com o remanescente fiel após à crise. Os profetas como Ageu e Zacarias reavivaram as almas dos cativos que retornaram, comunicando mensagens de esperança, coragem e um glorioso futuro: "A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar, darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos." (Ageu 2:9). "Assim diz o SENHOR: Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém chamar-se-á a cidade fiel, e o monte do SENHOR dos Exércitos, monte santo." (Zac. 8:3) "E há de acontecer, ó casa de Judá, ó casa de Israel, que, assim como fostes maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis bênção; não temais, e sejam fortes as vossas mãos." (Zac. 8:13).

Mas o novo concerto requeria uma nova obediência: "A palavra do SENHOR veio a Zacarias, dizendo: Assim falara o SENHOR dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo." (Zac. 7:8-10).

Deus ainda era o mesmo santo e gracioso Deus, odiando o pecado, enquanto amava o pecador. O novo serviço do santuário no templo reconstruído novamente oferecia graça perdoadora, requerendo uma vida perfeita em verdadeira obediência do coração, exatamente como antes do exílio (Jer. 31:31-33; Eze. 36:26-27).

Em uma significativa visão, Zacarias viu o sumo-sacerdote Josué em pé diante do "Anjo de Yahweh" e sendo acusado por Satanás. Josué representava os cativos de Israel que haviam retornado, "um tição tirado do fogo" (Zac. 3:2). Josué estava "trajado com vestes sujas", a iniqüidade confessada de Israel. Sob a ordem de Deus, as vestes sujas são removidas e trocadas por limpos e perfeitos trajes. Esta ação retrata vividamente a graça perdoadora de Deus. O pecado é removido, uma nova justiça ou perfeição é imputada e entregue a um novo Israel.

Contudo, perdão pressupõe culpa e condenação reais. Não obstante, o perdão significa não meramente a remoção negativa da culpa, mas positivamente – e tão justo como real – a imputação e comunicação da justiça ou perfeição. O aspecto da santificação, a nova obediência, é enfatizado como um pré-requisito específico para a final e eterna bênção.

"O Anjo do SENHOR estava ali, protestou a Josué e disse: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Se andares nos meus caminhos e observares os meus preceitos, também tu julgarás a minha casa e guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre estes que aqui se encontram." (Zac. 3:5-7).

Zacarias tinha tornado inequivocamente claro que a graça divina obriga a uma perfeita obediência, a obediência da fé que brota de um coração recriado e voluntário. Ellen G. White fez uma aplicação particular da visão de Zacarias à tentada e provada igreja remanescente. Dela, Cristo declara: "Eles podem ter imperfeições de caráter; podem ter falhado em seus esforços; mas se arrependeram, e Eu os perdoei e aceitei." (Profetas e Reis, 589).

Quão lamentável é ler no último livro do Antigo Testamento que Israel após o exílio falhou novamente em manifestar a comunhão transformadora do concerto com Deus e a obediência da fé. Como causa principal de sua vida ética-social degenerada, Malaquias apontou a um ministério sacerdotal falido. A adoração no Templo de novo deteriorou-se a um ritualismo morto, sem o temor do Senhor – que é a tremente reverência em humilde obediência. Deus dirigiu-Se a Israel com algumas questões pertinentes ao sacerdócio em Jerusalém: "O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o respeito para comigo? — diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível." (Mal. 1:6-7).

Falta do temor de Deus foi manifestado inevitavelmente em deslealdade social, em profanação do santuário, e em infidelidade da aliança matrimonial. (Mal. 2:14,16). A quebrada comunhão do concerto com Yahweh, contudo, seria restaurada uma vez mais através da específica graça de Deus. Deus mesmo tomaria a iniciativa de trazer Seu povo de volta a um novo e perfeito relacionamento de concerto com Ele. Por causa que os sacerdotes levíticos tinham se "desviado do caminho... e, por [sua] instrução" tinham "feito tropeçar a muitos", e violaram "a aliança de Levi" (Mal. 2:8), Deus enviaria um mensageiro especial ao Seu Templo. Ele refinaria e purificaria Israel até que eles trouxessem "ofertas justas ao Senhor". "Então, a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos e como nos primeiros anos." (Mal. 3:1-4).

Este mensageiro especial viria como o profeta Elias, a fim de conduzir  a nação escolhida a uma última decisão a favor ou contra Deus, preparando Israel para "o grande e terrível dia do Senhor", o Dia de Julgamento de Deus (Mal. 4:5-6): "Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos." "Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve." (Mal. 3:5,18).

Assim terminou o Antigo Testamento, ou antes permaneceu aberto ao futuro, com a promessa de um novo reavivamento e reforma. Finalmente, a linha de demarcação entre o justo e o ímpio, entre os perfeitos e os impenitentes malfeitores, se tornaria clara em sua reação à mensagem de advertência final de Deus.

Acesso Teológico
Naldo JB

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Os médicos e a guarda do Sábado

Como um médico guardador do sábado não estará violando o direito à vida que seus pacientes têm por não atender-lhes neste dia?

Quero contar-lhes sobre a postura profissional e religiosa de dois médicos guardadores do sábado.

O primeiro afirma que é guardador do sábado, mas nunca disse nada sobre sua fé pra ninguém no trabalho. Baseando-se no fato de que Jesus curava no sábado, ele aceita todas as escalas, plantões e agendamentos para o sábado como uma coisa normal, rotineira. Sempre que dá, e não está escalado, ele vai à igreja.

O segundo médico pensa que, sendo também um guardador do sábado, deve lembrar-se de que Jesus curava no sábado, mas era Seu costume ir à sinagoga.

Assim que começou a trabalhar, o segundo logo esclareceu com colegas e administradores a respeito da sua fé, pedindo que não fosse escalado no sábado, prontificando-se, no entanto, em caso de emergência. Se fosse necessário, ele empregaria todos os seus esforços para salvar e preservar a vida de um paciente grave. E faria isso não por medo de perder o emprego ou por dinheiro, mas por amor, por missão, por cristianismo.

Este médico procura sempre dar ao sábado um clima máximo de dia especial de adoração. Sua rotina normal de sábado é ir à igreja, adorar com a família e estar mais próximo de Jesus. Ele faz trabalho missionário no sábado e, de vez enquando, esse trabalho é exatamente no hospital, dirigindo uma exaustiva cirurgia. Mas ele o faz com alegria.


            E eu vos pergunto: "Qual desses dois médicos é um verdadeiro guardador do sábado?"


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Naldo JB

terça-feira, 11 de junho de 2013

Igreja na América do Sul lança vídeos “Falando de Esperança”


A sede sul-americana da Igreja Adventista acaba de lançar a série de vídeos “Falando de Esperança”. Trata-se de uma iniciativa que apresenta a posição da Igreja Adventista sobre diferentes assuntos referentes a atualidades e temas bíblicos. Quem apresenta as temáticas é o pastor Erton Köhler, presidente da Igreja para a América do Sul. Os vídeos estão disponibilizados no www.adventistas.org.

Nesta primeira edição o tema abordado é “Os adventistas e as origens”. Em próximas edições serão abordados assuntos como: meio ambiente, desafios familiares, violência doméstica, reavivamento e reforma espiritual, pedofilia, tecnologia, entre outros. Assista o primeiro vídeo, em português ou espanhol, através dos links abaixo.




Fonte: ASN

Acesso Teológico
Naldo JB

segunda-feira, 10 de junho de 2013

III. Perfeição Humana no Antigo Testamento



B. A Consciência de Pecado nos Salmos de Israel

 Os 150 salmos foram todos usados como hinos cúlticos cantados pelos coros com acompanhamentos instrumentais no templo de Jerusalém. Muitos deles foram compostos por Davi em sua juventude quando ele ainda era um pastor nos montes da Judéia. Cantando seus hinos como orações, ele usava uma harpa como seu instrumento musical.

Mais tarde, um grande número de canções de Davi foram incorporados no culto do Templo oficial como o verdadeiro e legítimo meio de adoração e comunhão com Deus (Nee. 12:24). No cânon da Escritura estas e outras canções foram finalmente aceitas como efetivas e inspiradas orações, exemplares para todos os que adoravam em espírito e em verdade na cidade de Jerusalém.

Uma característica emoção dos salmos bíblicos que fica acima de toda a beleza literária e ascético prazer é o senso de contrição e uma consciência despertada de pecado. Isto relembra a consciência profética dos pecados de Judá e Israel quando contrastados com a revelação da santidade divina e pureza moral. Pecado e santidade são corolários contrastantes. Um profundo senso de um relaciona-se necessariamente com um grande conceito da outra. Contudo, ambas ideias não são tanto conceitos intelectuais ou puramente éticos, como são revelações divinas ao coração e à consciência do adorador que recebe um lampejo da realidade do Deus de Israel.

Compositores como Davi, Asafe o levita, e outros tinham uma experiência pessoal e viva com Deus, a quem adoravam como o Criador do mundo e Redentor de Israel. Salmo 78 e 105-107 revelam um claro conhecimento do Torah de Moisés, lembrando sua mensagem com dramático apelo e fervor religioso.

Os salmos despertavam Israel para a sua única herança, erguendo-o de sua natural apatia e letargia, e estimulam o adorador à renovada experiência do coração para o temor do Senhor. Eles fazem isso exibindo a verdadeira natureza do pecado e culpa de um lado, e de justiça e perfeição de outro lado.

Como podem os poetas do templo religioso cantar sobre a perfeição ou justiça do homem, quando eles têm tão profunda consciência da pecaminosidade humana? Um olhar em dois salmos nos ajudará a responder a esta questão.

Salmo 19

"Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas. Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão." (Salmo 19:12-13). Tendo confessado a glória do Criador como brilha de Suas obras da Criação, o salmista continua a reconhecer a maior glória de Yahweh, brilhando de Seu Torah em luz salvadora para o povo do Seu concerto. O Torah era experimentado pelo verdadeiro israelita como uma fonte de alegria redentora, "mais desejáveis do que ouro, ... mais doces do que o mel" (v. 10). Isso estimulava o crente à resposta moral de andar com seu santo Deus, escolhendo seu caminho abençoado, e afastar-se da estrada da desobediência.

"Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa." (v. 11). Considerando as reivindicações da Infinita Pureza,  Davi compreendeu que nem a Natureza nem o Torah como tal poderiam salvar sua alma no julgamento. Conhecendo os olhos perscrutadores do Senhor que pesa os motivos internos do coração de cada homem (1Crô. 28:9),  Davi sentiu a pecaminosidade de seu ser que excedia todo o senso das transgressões cerimoniais ou atos pecaminosos. Ele entendeu o pecado primariamente como uma atitude rebelde e um ato contra Yahweh (Sal. 41:4; 51:4). O verdadeiro discernimento do mal e da compreensão do pecado não era o resultado de reflexões éticas, mas o dom da revelação do santo Deus do concerto. Considerando o seu coração diante de Deus,  Davi moveu-se a uma confissão sincera de sua própria impotência moral, orando pela graça perdoadora: "Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas." (Sal. 19:12).

Este longo alcance de consciência de pecado era o característico específico religioso da adoração de Israel. O adorador compreendia diante do seu santo Deus que ele era pecaminoso na essência do seu ser e não podia mesmo determinar um adequado auto-conhecimento. Em contraste com toda a filosofia religiosa grega, que sempre começava com a ordem "Conhece-te a ti mesmo!", a maneira israelita de auto-conheci-mento começava com o conhecimento de Yahweh, o Doador da vida. "Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz." (Sal. 36:9). "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno." (Sal.139:23-24). "Examina-me, Senhor, e prova-me; sonda-me o coração e os pensamentos." (Sal. 26:2).          

O salmista sabia que Yahweh estava pesando os mais profundos motivos e desejos do seu coração em uma balança celestial e que Ele agiria de acordo com ela. "Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido." (Sal. 68:18). Ele sabia que a observância meticulosa de todos os cultos cerimoniais, a guarda dos sábados e festas, o cantar de orações rituais seriam uma demonstração objetável de piedade se a fonte do coração não estava purificada pelo Espírito de Yahweh. "Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado... Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável... Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário... Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus." (Sal. 51: 2,10,12,17).   

 Perdão divino pressupõe uma verdadeira, sincera contrição, sentindo o peso do pecado e uma disposição para obedecer a Deus com alegria.  O profeta considera isto como um assunto de vida ou morte: "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse." (Isa. 1:18-20; ver também Deut. 28:47).

A oração de  Davi de súplica em Sal. 19:12 considera o peso do pecado à luz dos olhos de Deus; portanto, ele avalia a graça divina muito altamente. Tendo pedido pela graça perdoadora de Deus,  Davi continua orando pela graça mantenedora, pelo poder que restringe os impulsos pecaminosos: "Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão." (Sal. 19:13).

O que são pecados da "soberba"? Eles são distinguidos de faltas escondidas ou inconscientes no verso 12. Estes dois tipos de pecado – de soberba ou inconsciência – são identificados claramente na Lei levítica, particularmente em Núm. 15. O santuário abria o caminho para o perdão sacerdotal dos pecados de ignorância, que são pecados cometidos involuntariamente, sem o pleno conhecimento de seu significado diante de Deus, e após sério arrependimento dele. Arrependimento era o critério decisivo, implicando confissão e o abandono do pecado, como afirmado no livro de Provérbios: "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia." (Pro. 28:13). Pecados de presunção, conseqüentemente são todos classificados diferentemente: "Mas a pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente, quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao SENHOR; tal pessoa será eliminada do meio do seu povo, pois desprezou a palavra do SENHOR e violou o seu mandamento; será eliminada essa pessoa, e a sua iniqüidade será sobre ela." (Num. 15:30-31).

Pecado cometido "com a mão levantada" (versão Corrigida) significa não uma queda acidental no pecado, mas uma entrega ao pecado em uma atitude de desafiar a autoridade de Deus. Então, o pecador deliberadamente peca após ter recebido o "pleno conhecimento da verdade" (Heb. 10:26). Consciente e voluntariamente ele despreza a palavra revelada de Deus. Característica desse tipo de pecado é a ausência de qualquer verdadeiro arrependimento, posteriormente quando o pecado é acariciado e justificado.

Números 15: 32-36 apresenta um exemplo deste tipo de atitude pecaminosa. Um homem desafiou o prévio mandamento de Deus para guardar o Sábado do Senhor como um dia de solene repouso. "Portanto, guardareis o sábado, porque é santo para vós outros; aquele que o profanar morrerá; pois qualquer que nele fizer alguma obra será eliminado do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do repouso solene, santo ao SENHOR; qualquer que no dia do sábado fizer alguma obra morrerá." (Êxo. 31:14-15). Mostrando o seu desprezo pela Lei de Deus, um homem se aventurou em aberta rejeição da vontade revelada de Deus, ajuntando lenha no Sábado. Por veredito divino este homem rebelde devia morrer. Ellen G. White explana isto: "O ato deste homem foi uma violação voluntária e deliberada do quarto mandamento - pecado este não cometido por inadvertência ou ignorância, mas por presunção." (Patriarcas e Profetas, 409).

O Torah, portanto, define presunção como um desafio à autoridade de Deus, um desprezo da obediência às ordenanças divinas (Deut. 17:12). Não há provisão de expiação ou perdão para tal pecado, desde que então o pecado seria desculpado ou basicamente eternizado (ver 1Sam. 3:14; Isa. 22:14; Jer. 7:16).

Isto não implica em que seres mortais podem determinar quando um pecado de presunção está sendo cometido. Quem pode discernir os motivos do coração de  um homem? Jeremias nos lembra: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações." (Jer. 17:9-10). Sentindo sua grande necessidade do poder salvador e santificador, ele portanto, ora: "Cura-me, SENHOR, e serei curado, salva-me, e serei salvo; porque tu és o meu louvor." (Jer. 17:14).

Por esta dupla graça  Davi orou no Salmo 19: 12-13. Não somente perdão ele procurava, mas uma vida santificada sob a graça prevalecente de Deus. Ele pediu por ambas estas coisas: pelo apagar de sua culpa e a subjugação dos poderes do mal que lutam pelo domínio. Então ele cria, ele seria um servo justo de Yahweh, sua "Rocha e Redentor". "Então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão." (Sal. 19:13).

Assim, o Salmo 19 declara que perfeição humana não é o cultivo de alguma inerente bondade na natureza do homem, mas o persistente andar em dependência do perdão e graça mantenedora de Yahweh. Perdão divino restaurou Israel na abençoada e perfeita comunhão com Yahweh. Embora culpa e pecado possam ser distinguidos, o Antigo Testamento nunca separa culpa do ato ou vida de pecado. Conseqüentemente, perdão também possui uma relação sobre a vida moral. O poder dominante do pecado é quebrado, quando Deus mesmo governa supremo. Esta perfeição é tanto um dom quanto um requerimento do concerto de Deus com Israel.

Um homem pode inadvertidamente cair em um pecado, uma transgressão da Lei do concerto, mas isto não o separa de Deus ou de Seu povo. O serviço do santuário provia reconciliação para o arrependido adorador pelos meios do sangue da expiação sobre o altar (Lev. 4). Não havia perfeição sem expiação cúltica no concerto de Deus com Israel.

Qualquer perfeição moral que uma voluntária obediência a Deus pudesse desenvolver, nunca podia ser relacionada com um sentimento de santidade ou justiça própria. A experiência de um contrito coração e um  espírito humilde apenas aumentariam em intensidade se o santo Yahweh habitasse mais e mais no suplicante adorador. "Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos." (Isa. 57:15).

Salmo 15

No Salmo 15, nós encontramos de novo perfeição (tamîm). Desta vez é o pré-requisito moral para entrar no templo e desfrutar da proteção e bênção de Yahweh. "Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade" (Sal. 15:1, 2). 

 Soa estranho ouvir que perfeição é o pré-requisito para adoração de Yahweh e recebimento de Sua graciosa comunhão. Não é a perfeição o próprio dom a ser procurado e recebido no santuário? Como então pode a perfeição ser uma condição para a participação da adoração de Israel?

Para achar o próprio escopo do Salmo 15, precisamos buscar a mais ampla perspectiva de todo o Torah. Moralidade não era a base da eleição de Deus a Israel (Deut. 7-9). A grande salvação histórica do Êxodo e o concerto subseqüente com Israel no Sinai foram dons reais de Yahweh, dados por Sua graça somente, em fidelidade às promessas de Deus aos patriarcas. O próprio nome do Deus de Israel, Yahweh, denota-O como o gracioso e fiel Deus do concerto.

O Salmo 15, começa com uma questão suplicante: "Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo?"; portanto, pressupõe imediata-mente o concerto da graça expiatória. Tanto a Lei como o Santuário eram dons do concerto de Deus, provendo uma contínua expiação para Israel, a presença permanente do santo amor de Deus. O ministério sacerdotal da graça perdoadora não intentava perdoar a culpa no abstrato. Pelo contrário, ele intentava tirar os pecados, tanto no aspecto da culpa, como em seu real domínio na conduta do homem (ver acima sobre o Sal. 19).

De acordo com isto, era prerrogativa e dever de Israel andar com Deus e com seus semelhantes em uma nova obediência à vontade de Deus. Os poderes divinos da graça redentora, como manifestados na libertação de Israel do Egito, a casa da escravidão, estavam disponíveis a partir daí no serviço sacerdotal do santuário. O propósito da festa anual da Páscoa era para renovar e continuar a redenção graciosa e comunhão do concerto com Yahweh, para dar a Israel uma renovada e vívida participação na salvação histórica do Êxodo. A mesma graça era oferecida por Deus diariamente no santuário. Contudo, era a santa graça que purificava da injustiça e impiedade, transformando o coração do adorador.
"Continua a tua benignidade aos que te conhecem, e a tua justiça, aos retos de coração. Não me calque o pé da insolência, nem me repila a mão dos ímpios." (Sal. 36:10-11). "Porém eu, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor." (Sal. 5:7).

A ardente santidade e honra de Deus como Rei não poderiam suportar um povo profano e impuro que fosse escravizado pelo pecado ou tivesse o coração dividido. Israel deveria ser uma nação santa, uma luz para os gentios, gloriando-se não em sua sabedoria, riquezas ou poder, mas em seu conhecimento do verdadeiro Deus vivente (Jer. 9:23-24). Era seu santo privilégio andar em voluntária e alegre obediência a Deus, que incluía arrependimento, confissão e restauração.

Este novo coração necessariamente seria manifestado em fazer o que é direito de acordo ao concerto, falando a verdade do coração. Assim, o concerto da graça transformadora provia o poder motivador para uma nova conduta sócio-ética. A participação na festas anuais é condicionada, diz o Salmo 15, pela aceitação e apropriação da salvação e graça previamente recebidas.

A recusa para arrepender-se, por rejeitar a obediência voluntária ao concerto de Deus, caracteriza o pecado como pecado de presunção. Por outro lado, o requerimento do Salmo 15 não é um senso de isenção de pecado ou um sentimento de justiça própria. Como poderia tal emoção mesmo existir em uma profunda convicção de indignidade diante de Deus?
O que o Salmo 15 requer é uma vida social e ética purificada e fiel, como apresentada nos versos 3-5: "O que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao SENHOR; o que jura com dano próprio e não se retrata; o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado."

Este modo de vida do concerto pela graça de Deus é um perfeito andar, por causa que o coração é purificado e as mãos são limpas (v. 2). Esta mensagem também é comunicada em outro salmo de  Davi: "Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura dolosamente. Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação. Tal é a geração dos que o buscam, dos que buscam a face do Deus de Jacó." (Salmo 24:3-6).

Mais forte do que o Salmo 15 aparenta aqui é o inter-relacionamento indissolúvel da experiência redentiva e da vida moral. Aqueles que buscam a Deus em oração, que diariamente O fazem Seu Senhor e Salvador, receberão bênção e vindicação divinas. Toda a vida moral é enraizada e ancorada na graciosa redenção de Deus como recebida no serviço do templo de Israel.

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