Boato é algo muito antigo,
só que com a vida plena online o alcance e a dimensão dos boatos aumentaram de
maneira impressionante. Nem toda a informação que se propaga, inclusive sobre
assuntos religiosos, é real. Tudo é passível de checagem.
E um alerta: cristãos que se
dizem conhecedores da Bíblia precisam aprender a diferenciar boatos de fatos.
Devem desenvolver o hábito de investigar mais, pesquisar detalhes de certos
assuntos antes de compartilhar determinados conteúdos ou mesmo fazer
comentários. Um princípio básico do conhecimento é checar se determinados dados
são verdadeiros ou não.
Mas por que digo isso?
Porque, entre tantas informações desencontradas que circulam nos meios
virtuais, há uma que fala a respeito de uma lei, no Brasil, que obrigaria as
pessoas a implantar chips sob a pele e que ali estarão todos os dados de
registro dos cidadãos. Já surgiu esse boato referente à implantação em outros
países. Mas a informação, até o presente momento, não é confirmada por nenhum
site, portal ou blog conceituado e de credibilidade que se conhece, portanto é
boato (mentira).
O que existe no Brasil, de
fato, é um projeto sem conclusão prevista para implementação de um Registro de
Identidade Civil (RIC) que supostamente reunirá todas as informações de um
cidadão (número de RG, CPF, CNH, etc) de forma eletrônica. E isso poderia ser
por meio de um chip colocado em um documento. Tal Registro poderia ser emitido
pela Justiça Eleitoral, mas não há nada concretizado ainda. E estou falando do
que a própria presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou em entrevista
concedida em março deste ano acerca do assunto. Nada aponta para um chip
colocado sob a pele! Pelo menos não em relação ao Registro.
Marca da besta?
Muitos cristãos têm se
perguntado, nos meios virtuais, se esse suposto chip e o projeto de integração
do registro civil seria a tal marca da besta mencionada no Apocalipse.
O assunto requer mais tempo
de leitura e estudo comparativo inclusive com o livro de Daniel, mas de maneira
rápida – para se entender a marca da besta – é fundamental se compreender quem
é a besta e que tipo de marca se faz alusão no livro da revelação divina.
Há, no Apocalipse, a
indicação de duas bestas. A besta que sobe do mar é, fundamentalmente, um poder
político-religioso que atua para desqualificar os ensinos bíblicos por meio de
contrafação e não para confirmá-los. Segundo explica o pastor Arilton de
Oliveira, apresentador do programa Bíblia Fácil da TV Novo Tempo, essa besta
“representa Roma em suas duas fases, imperial e papal”. Mas há a besta que sobe
da terra (identificada como os Estados Unidos por conta das características ali
descritas) e que tem total relação com a primeira besta, ou poder, conforme o
capítulo 13 do Apocalipse.
Em uma análise dos
versículos desse capítulo, Arilton comenta o papel de cada um dos poderes no
panorama profético ainda não concretizado ou cumprido. Em um vídeo resumido
produzido para a web, ele esclarece que a imagem que a segunda besta (EUA) fará
da primeira (Roma papal ou Vaticano) “sem dúvida será para honrar alguma
criação da primeira besta”. E detalha mais o que significa essa imagem. “Quando
olhamos para a história nós percebemos que o sistema papal trocou a santidade
do quarto mandamento, do sábado, para o primeiro dia da semana. O que os
Estados Unidos farão justamente será levar os habitantes da terra a passar a
santificar o primeiro dia da semana. A isso chamamos na profecia de o decreto
dominical”. Resumindo: a questão aqui colocada é a de poderes tentando impor a
observância de um dia de descanso e adoração não bíblico (é a tal imagem). Isso
ocorre em oposição a um grupo (que deduz-se ser bem menor) que defende a guarda
do sábado tal como a ensinada e contextualizada desde o livro de Gênesis até o
Apocalipse, passando pelos profetas maiores, menores, evangelhos e cartas de
Paulo.
Evidência de lealdade
E a marca, o que tem a ver
com imagem e bestas? Segundo o Comentário Bíblico Adventista, produzido a
partir de muito estudo teológico e análise histórica e de contexto, “os
eruditos adventistas entendem que esta não é uma marca literal; em vez disso,
consiste em um sinal de aliança que identifica o portador como alguém leal ao
poder representado pela besta. A controvérsia nessa época girará em torno a lei
de Deus, sobretudo, do quarto mandamento. Logo, a observância do domingo será o
sinal, mas isso só ocorrerá quando o poder da besta for reavivado e a observância
do domingo no lugar do sábado se tornar lei…quando tudo estiver claro diante
das pessoas e, mesmo assim, escolherem seguir a instituição da besta,
observando-a e desobedecendo ao sábado de Deus, elas mostrarão sua fidelidade
ao poder da besta e receberão sua marca”.
O tema, como eu já frisei,
exige estudo mais prolongado e consistente. Mas duas coisas podem ficar bem
claras: necessidade de profundo apego à Bíblia e à oração como instrumentos
seguros para compreensão equilibrada das profecias e grande atenção a boatos
que não fortalecem a fé, e sim, criam alarmismos, falsa sensação de
espiritualidade e catastrofismo barato.
Precisamos realmente ter a
Bíblia como alicerce firme para nossa crença cristã e não só como mera fonte de
informação.
- Por Felipe Lemos Jornalista, especialista em marketing, autor de crônicas e artigos diversos - gerente da Assessoria de Comunicação da sede sul-americana adventista.
Fonte: Portal Adventista
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