A partir desta sexta (1), Bento XVI vai acordar diferente. E
num lugar diferente. Quando ele abrir os olhos e olhar ao redor, não vai mais
ver o Palácio do Vaticano, mas o Castelo Gandolfo, onde vai morar até abril,
quando se mudará para o mosteiro Mater Ecclesia.
E se ele tiver o costume de sentar na cama e procurar os
sapatos vermelhos para calçar, também não vai encontrá-los. É que, a partir de
hoje, Bento XVI não pode mais usar os seus famosos sapatos, que até já lhe renderam
um lugar na lista dos 23 mais bem vestidos do mundo, feito pela revista
norte-americana Esquire.
A publicação jurou que o calçado era da grife italiana
Prada, mas o Vaticano nega. Segundo sua assessoria de imprensa, os sapatos são
fabricados por um sapateiro peruano do qual Bento já era cliente antes de virar
papa. Ele já sabe de cor as medidas do pé do cliente, que calça 42. Há mais de
dois séculos que os papas usam sapatos vermelhos, simbolizando o sangue de
todos que morreram por Cristo. Só que os antecessores usavam uma roupa que
cobria os pés, ao contrário de Bento XVI.
Roupa essa que também deverá ser trocada a partir de amanhã.
Quando ele enfiar os pés nos sapatos marrons, doados por artesãos mexicanos, e
abrir o seu guarda-roupa, vai encontrar batas brancas, porém bem mais simples e
discretas do que as que vinha usando até então.
No anelar direito não mais estará o Anel do Pescador, também
conhecido como Anulus Piscatoris (em latim) e
Anello Pescatorio (em italiano). O anel é um símbolo oficial do papa, o
sucessor de São Pedro, que era um pescador.
O adereço será destruído, da mesma forma que acontece em
caso de morte do pontífice.
Título
Só que Bento XVI não morreu e, como a renúncia de um papa é
um fato quase inédito na Igreja (o único registro data de 1294), o Vaticano
teve que pensar numa solução às pressas para algumas questões, como o nome que
ele vai usar a partir de agora.
Especulou-se que o pontífice voltaria a ser chamado por seu
nome de batismo: Joseph Ratzinger. Mas isso não vai acontecer. Ao contrário,
ele vai conservar o nome papal de Bento XVI e passa a ser chamado de papa
emérito, que em latim significa papa aposentado.
O pronome de tratamento, no entanto, não muda. Bento XVI
continuará a ser chamado de Sua Santidade pelos fiéis. Fiéis que não devem mais
vê-lo, a partir de amanhã. Isso porque a previsão é que o papa emérito fique
recluso no mosteiro até o fim dos seus dias. Recluso, mas não sozinho.
Quer no Castelo Gandolfo (a 30 quilômetros de Roma), quer no
Mosteiro Mater Ecclesia (no Vaticano, a 60 metros da antiga residência), Bento
XVI será acompanhado por dom Georg Gaenswein, seu secretário particular, e por
um pequeno grupo de assistentes. Seguirão também as Memores, grupo de mulheres
consagradas, membros da família pontifícia, que auxiliam o papa nas
necessidades regulares de casa.
Fonte: Correio
Acesso Teológico
Naldo JB
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