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terça-feira, 14 de abril de 2015

Culto Jovem: Evento ou culto?

Motivação que leva jovens a se engajarem em grandes projetos da Igreja deve ser a mesma para realização do Culto Jovem.

Recentemente, um amigo fez contato comigo, via Facebook, para que eu desse uma opinião sobre o projeto arquitetônico da sua igreja. Realmente estava muito bonita, de muito bom gosto. Mas uma coisa me chamou a atenção: na placa de horários de cultos tinha sábado, pela manhã, domingos e quartas à noite. Logo perguntei:
– E o “J.A.”?
– Ih, o “J.A.” morreu faz tempo. Só tem de vez em quando…
O que vem a ser um evento? Segundo Maria Cecília Giacaglia, uma das maiores autoridades do país em gestão de eventos, este “tem como característica principal propiciar uma ocasião EXTRAORDINÁRIA ao encontro de pessoas, com finalidade específica, a qual (…) justifica sua realização”. A palavra extraordinária mostra que um evento é um acontecimento, um programa que se realiza de forma não rotineira, apenas quando há um pretexto importante.
Parece-me que o Culto Jovem (aquele de sábado à tarde, você lembra?) está se tornando, cada vez mais, um evento que acontece de tempos em tempos, em momentos especiais, com um palestrante-visita especial, ou um cantor convidado. No contrário, os auditórios apresentam uma audiência minguada, em um desafio muitas vezes desanimador para os líderes de jovens. Tal desafio, em algumas congregações, parece ser intransponível.

Já vi em inúmeras igrejas, programas de culto jovem com o título “A morte do culto J.A.”. Quase sempre organizados pelo grupo que acabara de ser eleito para o cargo de liderança da juventude adventista naquela igreja. E aí, em um afã de despertar curiosidade e motivar o povo a comparecer no culto, lançam-se deste artifício publicitário, inserindo um tema do tipo: a morte do culto jovem! Alguns até simulam um velório, para, por fim, enfatizar a necessidade de manter viva esta programação.

Lembro-me com carinho da minha infância, vendo meus avós falando com orgulho que iriam assistir a “Liga” (referência à Liga MV, antigo nome usado para o atual culto jovem). Lembro também do meu pai como líder de jovens, nas mais variadas igrejas nas quais congregamos. Eu mesmo fui líder jovem, líder associado e membro de equipe de jovens adventistas durante tanto tempo, que nem me atrevo a fazer contas. Mas vejo que nos últimos anos o culto jovem tem se retraído demais. Parece só haver uma ligação com o público quando acontece um “evento” por trás. Quando não acontece, sempre há a correria, utilizando-se dos mais variados tipos de propaganda, pedindo um tempinho no culto do sábado pela manhã, correndo nas classes de Escola Sabatina, para “anunciar” o J.A. e apelar aos membros para virem e participarem. Quanta diferença do que vi e vivi!

Será que é um problema mesmo de marketing? Não estamos sabendo “vender” o programa? Não sei se este é o problema. Creio que há muito mais a ser discutido do que simplesmente propagandear para que o público venha. Fico empolgado com a animação que os jovens têm na participação dos projetos que o Ministério Jovem tem apresentado: Calebe, Geração 148, Dia de Fazer o Bem, Vida por Vidas, Semana de Oração Jovem, Um Ano em Missão, entre tantos outros. O engajamento é tremendo! O jovem adventista está sempre muito motivado a participar destes movimentos. E esta motivação é resultado de comunhão e amor pela causa da juventude adventista. O último “Dia do Jovem Adventista” foi uma demonstração belíssima desta motivação.

O culto jovem deve beber da água desta motivação. Se os jovens tem esta facilidade para se motivar, a liderança da igreja tem que se abraçar a isso. Arrisco-me a dizer que igrejas onde o culto jovem é um programa pulsante e relevante, são aquelas onde há um nível de engajamento e comunhão dos jovens na mesma proporção.

Obviamente, a liderança deve valorizar o culto como ele deve ser valorizado. Não por ser apenas uma programação especial, mas por ser um CULTO. Nada podem tomar o lugar do culto jovem, ensaios, reuniões ou treinamentos, por exemplo, estes devem ser evitados nos horários do culto jovem. De nenhum departamento! E aqui fica o apelo para as lideranças maiores dos campos e distritos: evitem eventos que tirem os líderes da igreja no momento do culto jovem!


O culto jovem é um momento especial da vida de uma igreja. Ali se mostram líderes, pregadores, ministradores de louvor do futuro desta mesma igreja. Deixá-lo “morrer” pode ser uma mostra de que a igreja também está “morta”. Que não seja “mais um evento” no calendário de programações, mas sim um momento ímpar da semana, um momento onde o jovem adore o Senhor com toda a sua alma! Eles querem isso… Eles anseiam por isso!


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