A qualidade técnica é importante na escolha dos ministros de
louvor, mas não é o critério número um.
A música é uma das artes mais lindas que existem. Uma música
bem executada é uma inspiração. Gosto muito de música e agradeço a Deus por ter
dado sabedoria aos meus pais para que me colocassem em contato com ela desde
cedo. Toco alguns instrumentos e os uso para louvar a Deus. O fato de eu ter
crescido na Igreja Adventista é outro privilégio, pois nossa denominação tem
alta qualidade em suas produções musicais.
Além das bênçãos espirituais, a música traz diversos
benefícios cognitivos e psicológicos para aqueles que se envolvem com ela,
inclusive o convívio com outras pessoas e a segurança emocional. Isso não é de
admirar, uma vez que a música foi criada por Deus, e tudo o que ele faz é bom.
Inspirada por Deus, Ellen White escreveu muitos textos sobre
música (veja, por exemplo, Educação, p. 168). Ao lê-los, percebemos várias
funções da música, como expressar a adoração, contribuir para a educação,
ajudar na vitória sobre o desânimo, impressionar o coração com a verdade,
fortalecer a vida cristã, afastar o inimigo e vencer a tentação.
Depois do pecado, a música se tornou uma arma que pode ser
usada para o bem ou para o mal. Por isso, devemos estar sempre atentos. Para
que a música atinja seus objetivos, aqueles que a executam precisam ser canais
consagrados. Assim como um cano sujo transforma água pura em água imprópria
para o consumo, um músico não consagrado contamina a música que deveria ser
apresentada em louvor a Deus.
No Antigo Testamento, Deus estabeleceu o tabernáculo e
determinou que os cantores e instrumentistas seriam os levitas. Apenas desse
grupo sairiam os que lidariam com a música no culto. Os levitas eram os mais
consagrados entre o povo. Isso indica que, antes de escolher os afinados, Deus
escolheu os consagrados. Esse critério na escolha dos músicos da igreja
evitaria muitos problemas relacionados ao louvor.
Encontramos uma descrição das características dos levitas em
Números 8:5-21, entre outras passagens. A Bíblia deixa claro que eles tinham
uma responsabilidade espiritual altíssima. Entre outras coisas, eles deviam
oferecer a vida como uma oferta viva ao Senhor, eram propriedade exclusiva de
Deus, conheciam os escritos sagrados, eram fiéis guardadores do sábado, deviam
buscar cultivar a santidade e estavam familiarizados com os serviços do
santuário.
Os critérios de Deus não mudaram. Portanto, os músicos de
hoje precisam ter as mesmas características. O mau testemunho de um músico
estraga a mensagem que ele transmite por meio de sua arte. Imagine um obeso
aconselhando sobre dieta! Ou um pregador que trata mal os membros falando sobre
amor ao próximo! Da mesma forma, os músicos destroem a mensagem da sua música
quando não vivem à altura do que cantam ou tocam.
Não nos esqueçamos: Deus julga primeiro a consagração do
músico, depois avalia a execução da música. No livro Evangelismo (p. 512),
Ellen White adverte: “A música só é aceitável a Deus quando o coração é
consagrado, enternecido e santificado por sua docilidade. Muitos, porém, que se
deleitam na música não sabem coisa alguma sobre produzir melodia ao Senhor em
seu coração.”
Se a música de um cantor da igreja não está sendo aceita por
Deus, então é melhor que ele não gaste inutilmente sua voz nem sua habilidade
em um instrumento. Música sem consagração, ainda que executada com perfeição,
não passa de música bem executada. Música vinda de um coração consagrado, ainda
que executada com alguma falha, deixa de ser apenas música e passa a se chamar
louvor.
- FELIPPE AMORIM, pós-graduado em Docência Universitária, é pastor do Iaesc, em Santa Catarina
Fonte: Revista Adventista
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